Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias
Bruno Miguel Garcia Barbosa, Vanusca Dalosto Jahno e Ana Luísa Almaça da Cruz Fernando 104 degradados, e enunciamos os principais impactes socioeconômicos e ambientais que poderão derivar da sua implementação em terrenos contaminados com MPs e pesticidas. 2. BIORREMEDIAÇÃO E FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS COM PESTICIDAS E MICRO/NANOPLÁSTICOS Tecnologias biológicas de remediação de solos in situ como a biorremedia- ção e a fitorremediação utilizam plantas, assim como consórcios microbianos e fúngicos a elas associados, na extração (fitoextração), imobilização (fitoestabiliza- ção) e redução da toxicidade de vários contaminantes dos solos, incluindo metais pesados (MCINTYRE, 2003, p. 97), compostos orgânicos (DAI et al. , 2020, p. 7) e pesticidas (LAFLEUR et al. , 2016, p. 1146). Além disso, algumas plantas estimulam (fitoestimulação) o desenvolvimento de micro-organismos e fungos capazes de degradar e utilizar micro e nanoplásticos como fontes primárias de energia e carbono (DENG; CAO, 2017, p. 1103; POWELL; RILLIG, 2018, p. 12) podendo extrair NPs para as suas componentes subterrâneas e aéreas (LI et al. , 2019, p. 928). Dado que está já confirmado que plantas conseguem extrair resí- duos plásticos nanoparticulados para os seus tecidos (LI et al. , 2019, p. 928; QI et al. , 2018, p. 1055), essa informação abre a porta para o seu uso nas tecnologias de fitorremediação. Assim, neste ponto, fazemos uma breve revisão das principais espécies de plantas fitorremediadoras, e dos consórcios microbianos e fúngicos a elas associados, no sentido de perceber de que forma tais tecnologias oferecem uma possibilidade real de remediação de solos co-contaminados com pesticidas e MPs, ao mesmo tempo que benefícios ambientais e socioeconômicos são gerados. Dentre as diferentes espécies de plantas com potencial fitorremediador, in- cluindo espécies vegetais hipertolerantes e hiperacumuladoras de metais pesados (ver MCINTYRE, 2003, p. 97), assim como plantas utilizadas na fitomineração ( phytomining ), as culturas perenes de bioenergia podem adaptar-se a uma ampla diversidade de condições edafo-climáticas com baixas disponibilidades hídricas e de nutrientes nos solos, ao mesmo tempo que apresentam crescimento rápido, assim como produtividades e qualidades elevadas de biomassa para a produção de biocombustíveis, fibras e outros subprodutos com valor econômico (BARBOSA et al. , 2015, p. 1503; MEHEMOOD et al. , 2016, p. 20). De fato, vários estudos mostram que estas plantas são capazes de tolerar e remediar solos contendo dife- rentes contaminantes e condições adversas, incluindo vários sais, metais pesados, radionuclídeos, compostos orgânicos e pesticidas (ULLAH et al., 2019, p. 1017; KHAN et al. , 2020, p. 7). De momento, não existem ainda pesquisas que tenham testado as tecnologias de fitorremediação na descontaminação de solos co-conta- minados com MPs/NPs e pesticidas. Porém, pesquisas como as de Powell e Rillig (2018, p. 13) referem-se à necessidade e urgência da pesquisa avançar neste senti- do, assim como o papel desempenhado por associações fúngicas na restauração de diversas funções ecossistêmicas, afetadas por MPs e pesticidas.
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