Futuro com ou sem agrotóxicos: impactos socioeconômicos globais e as novas tecnologias

Tecnologias de biorremediação e fitorremediação aplicadas à remoção de pesticidas e microplásticos... 101 poração (WAN et al. , 2019, p. 579), estando ainda envolvidos em mecanismos de bloqueio físico relacionados à absorção de nutrientes essenciais em espécies vegetais (BOSKER et al. , 2019, p. 778). Do posto de vista químico, MPs e NPs podem contribuir para alterar o pH dos solos (LIU et al. , 2019, p. 4; BOOTS; RUSSELL; GREEN, 2019, p. E) e amplificar os efeitos toxicológicos colocados por metais pesados e contaminantes orgânicos (YI et al. , 2020, p. 14; ZHOU; LIU; WANG, 2019, p. 17) em diversas comunidades microbianas, fúngicas e vegetais, assim como na saúde animal e humana (CAMPANALE et al. , 2020, p. 11). É também neste contexto de interação com todos os fatores físicos, químicos e biológicos que os MPs e NPs interagem com os pesticidas e metabólitos destes. Poluentes orgânicos como os bifenis policlorados (PCBs), os hidrocarbo- netos poliaromáticos (PAHs), pesticidas organoclorados (OCPs), diclorodifenil- tricloroetano (DDT) e compostos relacionados, isômeros de hexaclorociclohe- xano (HCH), clordano, ciclodienos, mirex, hexaclorobenzeno e hopanes, éteres difenílicos polibromados (PBDEs), compostos perfluorados (PFCs), bisfenol A (BPA), hidrocarbonetos alifáticos, octilfenóis e nonilfenóis, entre outros, podem ser concentrados em microplásticos, colocando vários riscos à saúde animal e hu- mana, nas funções microbianas e fúngicas dos solos e no funcionamento geral do ambiente do solo (VERLA et al. , 2019, p. 5-15). Muitos destes compostos e po- luentes, incluindo MPs e pesticidas, entram no solo agrícola por via da aplicação de biossólidos ou por via da irrigação (MOHAJERANI; KARABATAK, 2020, p. 263). Uma vez nos solos, os MPs tendem a acumular e transportar contami- nantes, como metais pesados e pesticidas, podendo incrementar, como já referido, a sua toxicidade para a biota do solo (bactérias, fungos, vermes, insectos, e ou- tros animas [animais??]), sendo depois transportados por estes para profundidades maiores, ou então, por técnicas agrícolas como a lavoura (RODRÍGUEZ-SEIJO et al. , 2019, p. 8; WU et al. , 2019, p. 13). Recentemente, alguns autores têm se dedicado ao estudo das interações entre MPs e pesticidas nos solos, assim como dos respetivos efeitos no ambiente físico e químico, e das suas componentes biológicas (WANG et al. , 2019, p. 851). Wang et al. (2020, p. 5) estudaram os comportamentos e mecanismos de adsorção de cinco pesticidas [os fungicidas carbendazim (CAR) e difenoconazole (DIF), e os inseticidas dipterex (DIP), diflubenzuron (DIFE), e malathion (MAL)] em mi- croplásticos derivados de filmes de polietileno (<5mm). Os resultados mostraram que os cinco pesticidas são adsorvidos nos MPs, especialmente o DIFE e o DIF, com base em interações hidrofóbicas. O processo de adsorção é espontâneo e exo- térmico (altas temperaturas no meio são favoráveis ao processo), sendo governado por interações químicas e físicas, onde mecanismos de transferência de massa e de difusão intrapartículas estão envolvidos, ocorrendo de forma mais proeminente na ordem: DIF > DIFE > MAL > CAR > DIP. Dessa forma, estes autores mos- traram que pesticidas e MPs provenientes de filmes plásticos utilizados em práti- cas agrícolas, de fato, causam riscos combinados para o ambiente. Scutariu et al. (2019, p. 4625) pesquisaram os processos de sorção de pesticidas organoclorados em MPs de polietileno tereftalato (PET), em condições laboratoriais ( in vitro ), observando que essas partículas plásticas podem adsorver em até 50% da quanti-

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