245 Luciane Cristina Michelsen Rech, Haide Maria Hupffer e Joao Alcione Sganderla Figueiredo impulsionar a economia e o setor alimentício, como se observa nas palavras dos autores: Apesar do conhecimento a respeito dos riscos dos agrotóxicos a saúde e ao meio ambiente, muitas vezes o seu uso torna-se indispensável, ou inevitável emdeterminados casos, e que para tanto exige-se uma prescrição/receituário agronômico, por outro lado, tem-se um grande interesse por parte das indústrias e comércio de agrotóxicos sobre produção e venda dos mesmos, acentuando ou alavancando este mercado de modo desordenado e inconsciente, além de alimentar ummercado bilionário (CONTE et al. 2017, p. 95). Nessa mesma linha, Fernandes e Stuani (2015, p. 745746), analisam a existência de um “balanço/consenso’’, isto é, existem aquelas pessoas “que defendem que a plantação pode ser feita com o uso do agrotóxico de forma controlada’’, e alguns acreditam que os alimentos podem ser produzidos em grande quantidade sem precisar utilizar produtos químicos, “a partir de um novo modelo de desenvolvimento agrário”. Cabe ressaltar que o problema do uso de agrotóxico em quantidade “indiscriminada’’ desencadeia oefeito bumerangue, relatado por Beck, que atinge a todos sem distinção, afetando a saúde tanto dos consumidores “do meio urbano’’, quanto da classe trabalhadora, isto é, “os sujeitos do campo enquanto produtores e tambémconsumidores e causando danos irreparáveis. De alguma forma, a população está sujeita a estar em contato com o agrotóxico, população esta que é classificada por grupos, como o grupo dos mais afetados que é representado pelos trabalhadores rurais que são “os primeiros que sofrem, e por mais tempo’’. Já o segundo grupo é “formado pelas comunidades localizadas em torno de empreendimentos agrícolas ou industriais, e o terceiro pelos consumidores de alimentos contaminados” (FERNANDES; STUANI, 2015, p. 746). Em uma pesquisa realizada por Lima (2015, p. 902) na maior produtora de pêssego da região sul do estado do Rio Grande do Sul, no período de 2007/2008, o pesquisador verificou que, dos 135 produtores de hortifrutigranjeiros entrevistados, 43,7% não recebiam “nenhum tipo de assistência técnica”, ou seja, desenvolviam as atividades a sua maneira.
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