19 Paulo César Prestes Flores, Ana Paula Atz e Haide Maria Hupffer A obra citada foi um grande sucesso, com impacto instantâneo junto ao público, ficando “mais de dois anos nas listas dos livros mais vendidos e logo repercutiu mundialmente. Um dos motivos está no fato da autora usar “uma linguagem que mesclava pesquisa rigorosa com habilidade literária, para aproximar o conhecimento científico do público leigo”. O livro recebeu muito apoio e muitas críticas. Foi um fogo cruzado de difamações e elogios. De um lado, a população “enviava inúmeras cartas de apoio a Carson”, entretanto, do outro lado, estavam os “fabricantes de pesticidas que se uniram para desacreditar a autora e seus colaboradores”. Nada a fez desistir de seu grande empreendimento de denunciar os agrotóxicos e ela também foi convidada a depor no “Senado dos Estados Unidos e participou de debates e de programas na televisão” (PEREIRA, 2018). Os cientistas tinham conhecimentos do problema, contudo foi Rachel Carson que sintetizou esse conhecimento de forma que todos, tanto os cientistas quanto a população, pudessem entender facilmente (WILSON, 2010, p. 250). Dois fatos que estavam na memória da humanidade auxiliaram a tornar Primavera Silenciosaum grande sucesso: i] Carson relacionou os agrotóxicos aos efeitos nocivos da bomba atômica, a incrível potência para produzir danos e a possibilidade da extinção da humanidade por uma guerra nuclear, mostrando detalhadamente como estava se dando a contaminação do meio ambiente; ii] Carson também fez uma conexão da talidomida com os efeitos do DDT, o que a fez ganhar páginas do New York Post e outros grandes veículos de comunicação, conexões estas que facilitavam o aprendizado do público sobre os riscos futuros dos pesticidas (BONZI, 2013, p. 211). Nos anos sessenta do Século XX não havia interesse do governo em proteger a população dos danos que os agrotóxicos trariam ao meio ambiente e a saúde humana, tendo em vista que o interesse estava na ampliação do mercado econômico de agrotóxicos que crescia no pós-guerra. O interesse do governo dos Estados Unidos, com o apoio e a ambição de grandes investidores da indústria química, estava focado em apresentar sempre novos produtos agroquímicos antes de outras potências mundiais e, para atingir tal objetivo, nada poderia
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