História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

94 Os contornos de um modelo de gestão da educação: a governança em cena em diferentes níveis e esferas, nasce com à própria luta pela redemo- cratização do Brasil a partir do final dos anos 1970 e no decorrer da década de 1980, constituindo-se hoje como um fato social histórico no movimento nacional dos profissionais da educação. As lutas sociais dos anos 80, de inegável valor, na medida em que buscaram ampliar a cidadania política e a reorganização da sociedade, não se consubs- tanciaram num efetivo processo de conquista da plena cidadania da maioria da população. A fragilidade é evidenciada ainda hoje, mesmo depois do poder de mobilização e de pressão das classes populares frente aos governos, municipais, estaduais ou nacionais, tendo em vis- ta o atendimento de suas principais demandas sociais, o que vem, não apenas dificultando, mas impedindo, sobretudo, a consolidação da democracia social no Brasil. A educação brasileira experimentou uma democratização tar- dia. Criada e moldada para servir à elite, chegou ao fim do século XX, empunhando bandeiras há muito superadas em países de tradição democrática. As influências liberais, que por aqui aportaram, adaptaram-se aos interesses de grupos, dan- do origem a uma forma especial de liberalismo calcado mais nesses agregados sociais que no povo. A cultura política auto- ritária predominou, intercalada por espasmos de democracia. (MENDONÇA, 2001, p. 84). Dessa forma, para Castro (2009); “qualquer discussão sobre a gestão escolar, precisa ponderar alguns padrões de política pública edu- cacional, os quais são estabelecidos pela esfera federal” (p. 60). A edu- cação pública foi se desenvolvendo e naturalizando a partir da admi- nistração de um Estado tutelador, colocado acima do seu povo. Sendo assim, cabem algumas indagações: é possível entendermos este processo de reforma da gestão da educação dissociando aspectos de concepção de ensino e currículo, trabalho docente e gestão do sistema e das escolas? Como podemos entender o termo gestão? Qual gestão? Como esta rees- truturação foi trazida para dentro do cotidiano escolar? Os organismos internacionais e o Estado brasileiro oferecem evidências para afirmar a centralidade da gestão da educação no bojo desta reforma. Suas recomendações, bem como as ações brasileiras, quando abordam questões que parecem desconexas, embora não o se- jam, indicam a intenção de estabelecer na rede de ensino uma nova cultura no tocante à gestão da educação (nem Gestão Democrática nem Gerencialismo). Aqui, a noção de gestão e o sentido de gerência asseme- lha-se ao que encontramos no campo da Administração, da gestão do

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