História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
89 Taís Schmitz lução para o enfrentamento e superação desta situação. Almejava-se, novamente, a proteção e sustentação do sistema econômico mais que a do próprio trabalhador. Era um cenário de ausência dos direitos so- ciais, onde esses ainda não tinham sido alcançados. O Pacto Keynesiano fundou-se na institucionalização das demandas do mundo do trabalho, transferindo a contenda para o âmago do Estado. Nesse espaço, há uma acentuada propensão à fragmentação das demandas, bem como à tec- nocratização das questões. Gramsci (2002) evidencia ainda que nenhum equilíbrio de forças se rompe por causalidades imediatas e totalmente inesperadas, e, sim, pelo significativo papel que as contendas econômicas exercem no panorama dos muitos conflitos políticos, que se manifestam como “exasperação dos sentimentos de independência, de autonomia e de po- der”. (p. 46,). Logo, a realidade é sempre mais complexa e precisa ser abordada como um conjunto orgânico de relações de força continua- mente em disputa. Pode-se afirmar que foi tão somente a partir da década de 1940 que a política pública passou a ser abalizada como um direito. A política pública envolve mediações complexas em diferentes instâncias; ou seja: atores/forças que se articulam e lutam pela hegemonia na esfera priva- da e na esfera estatal. Consequentemente, desde a década de 1980, “a reestruturação da economia vai se dar através da revolução tecnológica e organizacional na produção – reestruturação produtiva – corrida tec- nológica em busca do diferencial de produtividade do trabalho, como fonte de superlucros”. (BEHRING, 2003, p. 32). Nada mais é que o re- torno do ideário liberal sob o leiaute do Neoliberalismo, o que marcará profundamente o papel do Estado no tocante a proteção social: isto é a total liberalização da economia, a dita necessária globalização. As transformações do processo produtivo, que evolui do meca- nismo de produção mecânica para a tecnológica, passam a atingir a edu- cação e, consequentemente, delineando um novo tipo de trabalhador e exigindo modificações em sua educação no tocante a seus conhecimen- tos, técnicas e competências para atender tal paradigma. Dos modelos Taylorista e Fordista da produção em massa, série e padronizada, nos quais os operários eram treinados para trabalhar no ritmo das máquinas, com o redirecionamento produtivo, passa-se para o modelo Toyotista, de acumulação flexível, culminando com a (r)evolução da informática e da nanotecnologia, com o desenvolvimento de tecnologias complexas e da microeletrônica, que exigem trabalhadores com níveis de especiali-
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