História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
73 Márcia Cristina Furtado Ecoten, Carolaine Kirch e Joja da Silva Vaicëulionis lógicos liderados por intelectuais da elite brasileira: o entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico. O primeiro deles, surge no período de transição do Império para a República (1887-1896) e tem seu ponto alto nos anos 10 e 20, apresentando um caráter quantitativo, focando- -se na expansão da rede escolar e na alfabetização do povo brasileiro, pois o analfabetismo apresentava números alarmantes no período. Nos anos 10, o movimento se materializou pela a atuação de entidades da sociedade civil, principalmente através das ligas de desanalfabetização. Segundo Ghiraldelli Jr. “a força do entusiasmo pela educação espraiou- -se até meados dos anos 20, quando foi atropelada por um novo movi- mento: o otimismo pedagógico”. (1994, p. 18). O otimismo pedagógico primava pela melhoria das condições didáticas e pedagógicas da rede escolar e teve como principal caracte- rística a ênfase aos aspectos qualitativos da problemática educacional. O movimento ganhou destaque a partir dos anos 20, influenciado di- retamente pelo ideal pedagógico do Movimento da Escola Nova e teve seu apogeu durante a década de 30 do século XX. Segundo Ghiraldelli Jr. “o ideário escolanovista conjugava-se muito bem com o nascente otimismo pedagógico, que centrava suas preocupações na reorganiza- ção interna das escolas e no redirecionamento dos padrões didáticos e pedagógicos”. (1994, p. 19). A década de 20 trouxe à tona uma crítica contundente a educa- ção nacional, até então voltada especialmente para as elites e deu espaço a discussão sobre a instituição de um sistema nacional de educação, que desse destaque à educação básica, ao ensino primário, defendendo uma articulação desde a escola primária até o nível superior. Neste período, foram implementadas diversas reformas educacionais em diferentes es- tados brasileiros, lideradas por intelectuais como Sampaio Dória (São Paulo, 1920), Manoel B. Lourenço Filho (Ceará, 1922), Anísio Teixeira (Bahia, 1924), Mario Casassanta (Minas Gerais, 1927), Fernando de Azevedo (Distrito Federal/Rio de Janeiro, 1927), entre outros. Ghiraldelli Jr. (1994) aponta uma questão importante deste pe- ríodo de mudanças na educação nacional: No final dos anos 20, o entusiasmo pela educação e o otimis- mo pedagógico se completaram e se chocaram, desdobrando- -se pela sociedade civil através das Conferências Brasileiras de Educação, promovidas pela Associação Brasileira de Educação (ABE). Enquanto no âmbito da sociedade política, a política educacional vigente tendeu a abandonar o entusiasmo pela educação e adotar o otimismo pedagógico, no âmbito da socie-
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