História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

68 Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos e o manifesto dos pioneiros da educação nova:... posições ideológicas, mas acreditavam na possibilidade de interferir na organização da sociedade brasileira, através da educação. Ghiraldelli Jr (1994) aponta diferentes características do grupo de signatários(as): O grupo responsável pelo “Manifesto” nada tinha de homo- gêneo. O termo liberal , utilizado constantemente para desig- ná-lo, é apenas um arcabouço formal que abrigou liberais eli- tistas como Fernando de Azevedo e Lourenço Filho e liberais igualitaristas como Anísio Teixeira. Além disso, é preciso lem- brar as presenças de Paschoal Lemme, Roldão de Barros etc., também signatários do “Manifesto” e simpáticos ao socialis- mo. Podemos acrescentar que os liberais igualitaristas (e mes- mo os socialistas) tinham como paradigma o pensamento de Anísio Teixeira. Para Anísio a escola deveria ser democrática, única, capaz de servir como contrapeso aos males e desigual- dades sociais provocados pelo sistema capitalista. Era a tese escolanovista de uma escola renovada, com o intuito profissio- nalizante, regionalizada e controlada pela comunidade, aberta a todas as camadas e classes sociais no sentido de possibilitar a construção de uma nova sociedade. (p. 42). Ainda em relação aos(as)signatários(as), Clarice Nunes (2015), aponta que “são intelectuais que optaram pela educação como campo de atuação, mas também são médicos, engenheiros, advogados, publi- cistas, literatos, críticos. São autores.” A maioria vinha de famílias pro- prietárias de terras, mas todos atuavam no meio urbano, institucional e letrado e, mesmo com formas diferentes de pensar o mundo e o Brasil, tinham em comum o pensamento de que a educação deveria ser uma prioridade para o desenvolvimento do país. (p. 62-63). Um aspecto que chama a atenção nesse grupo é a plasticida- de de sua ação, pois os educadores liberais foram capazes de usar determinados elementos de uma formação considerada tradicional, forjada predominantemente nos seminários e nos cursos de Direito, Engenharia e Medicina, com uma mobili- dade invejável, seja na reorientação da prática pedagógica, seja na definição de diretrizes políticas (NUNES, 2015, p. 63). No quadro a seguir, destacamos cada um dos(as) signatários(as) e suas funções:

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