História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

67 Márcia Cristina Furtado Ecoten, Carolaine Kirch e Joja da Silva Vaicëulionis seja, enfim, pelo fato de que, [...] ainda que redigido por uma só mão, é e deverá ser obre de todos que tiveram a iniciativa e a responsabilidade desse movimento. (p. 251-252). O Manifesto foi escrito por Fernando de Azevedo após uma provocação feita pelo então presidente da república, Getúlio Vargas, na IV Conferência Nacional de Educação, realizada de 13 a 20 de de- zembro de 1931. O presidente incentivou os educadores inscritos nessa Conferência a “definir as bases da política educacional que deveria guiar as ações do governo em todo o país” (SAVIANI, 2008, p. 230). Além da escrita do texto, Fernando de Azevedo teve outra preo- cupação importante: a divulgação do documento. Os convidados para assinar o Manifesto foram escolhidos a partir de critérios de posição de liderança em relação à carreira profissional, bem como sua capacidade de divulgar o documento em diferentes órgãos de imprensa. Mencionado como “manifesto” desde que seus articuladores começaram a projetá-lo, ainda durante a IV Conferência, o texto foi por seu redator, Fernando de Azevedo, intitulado “A reconstrução educacional no Brasil – ao povo e ao governo”. Foi publicado em diversos órgãos de imprensa em março de 1932. No final daquele ano, o “manifesto” ganhou denominação de- finitiva, “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, ao inte- grar um livro organizado pelo mesmo Azevedo, que o cercou de depoimentos, documentos e análises para, estrategicamente, dar a ele “legitimidade e perenidade”, evidenciando seu potencial para exprimir o “novo”, de que estava prenhe o ideário político educacional dos liberais. (CUNHA, 2010, p. 270). A preocupação de Fernando de Azevedo em relação à divulga- ção do documento foi logo superada, pois jornais de diferentes estados do Brasil deram destaque a publicação do texto. Foram inúmeras pu- blicações, seja de forma parcial ou integral, normalmente seguidas dos mais variados tipos de comentários. Intelectuais ligados à Igreja Católi- ca foram os principais críticos do Manifesto. O documento foi assinado por vinte e seis intelectuais, de dife- rentes áreas: Afrânio Peixoto, A. de Sampaio Dória, Anísio Spínola Tei- xeira, Lourenço Filho, Roquete Pinto, Frota Pessoa, Júlio de Mesquita Filho, Raul Briquet, Mário Casassanta, Delgado de Carvalho, A. Fer- reira de Almeida Jr., J. P. Fontenelle, Roldão Lopes de Barros, Noemi M. da Silveira, Hermes Lima, Atílio Vivacqua, Francisco Venâncio Fi- lho, Paulo Maranhão, Cecília Meirelles, Edgar Sussekind de Mendon- ça, Armanda Álvaro Alberto, Garcia de Rezende, C. Nobre da Cunha, Pascoal Leme e Raul Gomes. O grupo de intelectuais tinha diferentes

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