História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
55 Ester Rosa Ribeiro No documento o relator apresenta as condições do prédio onde a Escola n° XII funcionava, dizendo do mau estado de conservação, e que seu aspecto “não condiz, em absoluto, com o ambiente em que deve o indivíduo receber as primeiras luzes da instrução”. Esta afirma- ção do relator coloca em pauta a atuação da Inspetoria, pois a mesma deveria pedir os consertos ou mudar o local da escola. E também deixa em dúvida se a Inspetoria estava seguindo as determinações das políti- cas que solicitavam prédios adequados ao funcionamento das escolas. Ao longo da documentação, já na segunda sindicância, o inspetor conta que durante o ano letivo ocorreram poucas inspeções na escola, por motivos que ele cita. Foram considerados inválidos os depoimentos dos analfabetos, na primeira sindicância, pois segundo o relator, “são igualmente, todos falhos dos rudimentares conhecimentos escolares para que se tome em consideração suas declarações”. Ou ainda: A quase totalidade dos habitantes da população compõem-se de chacareiros e pescadores, gente de pouca ou nenhuma ins- trução, donde a dificuldade de se firmar uma base concreta para um parecer sobre o caso em tela. Esta postura do relator é um pouco contraditória em relação ao contexto escolar do município. Na cidade existiam aulas noturnas reser- vadas à alfabetização de adultos, inclusive que contavam com subsídios da prefeitura. Talvez pela distância em relação às salas de aulas noturnas esses moradores não tivessem acesso. De alguma forma a professora poderia estar desacomodando a Inspetoria de Educação e a comunidade, por isso foi alvo de uma sindi- cância. E de acordo com as professoras que procederam ao exame finais dos alunos, havia aprendizagem, o que estava incomodando, então, po- deria ser a postura da professora. Na conclusão da sindicância o relator afirma que: Há, fundamentado ou não, um descontentamento de parte da população do Bosque sobre o funcionamento da Escola Municipal ali sediada, o que vem em prejuízo da mais elevada e patriótica iniciativa dos governos atuais, qual seja a do des- bravamento das zonas rurais com a alfabetização. Ao fim dessa sindicância o relator sugere ao prefeito que a pro- fessora seja transferida de escola. O prefeito aceitou a sugestão, e a pro- fessora, não satisfeita com transferência, enviou uma carta em 10 de
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