História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

53 Ester Rosa Ribeiro lembrança de frases de heróis nacionais, pois é citada na nota uma frase parodiando Gaspar Martins: “precisamos abrasileirar o Brasil”. O prefeito mandou instaurar uma sindicância para averiguar os fatos. A Inspetoria não tinha poder de ação, qualquer atitude deveria ter a permissão do prefeito. Isso se deve ao fato de que havia como já cita- do, um grande controle das ações dos subordinados ao prefeito, visando a centralização do poder. A carta entregue ao prefeito continha denúncias significativas como: perseguição aos professores por eles serem estrangeiros e com- portamento subversivo entre alunos reprovados. Afirmam os professo- res que de acordo com o Ministério da Instrução Pública eles possuíam liberdade para escolher os métodos de ensino. Eles usariam, segundo a carta, o “melhores possíveis para transmitir aos alunos a matéria com maior proveito possível e menos esforço para os estudantes”. Estas afir- mativas dos professores chamam atenção, pois em um Estado naciona- lista a educação deveria ser única, sem espaço para técnicas ou métodos diferentes dos aceitos pelas inspetorias, secretarias e ministérios. De acordo com Câmara Bastos: A padronização dos programas de ensino intentava mais um mecanismo de controle do fazer pedagógico do professor, orientando o quê e o como ensinar, medidas que permitiriam às autoridades educacionais uma maior vigilância do cotidia- no escolar. (BASTOS, 2005, p. 190). Percebo neste caso uma discussão: porque não estaria a Inspeto- ria corrigindo os professores quanto ao método de ensino, deixando-os livres para escolher, como citado pelo professor. O Rio Grande tem uma história ligada ao comércio e ao fluxo de capitalistas estrangeiros, que ajudaram a construir a cidade, dessa forma poderia haver uma boa relação com os estrangeiros na comunidade. E caso os métodos empre- gados pelos professores não estivesse prejudicando a aprendizagem, o Inspetor pode ter feito vista grossa. Buscava dessa forma a Inspetoria respeitar e de alguma forma dar continuidade à política de boa convi- vência com os estrangeiros. Em 25 de outubro de 1936, teve início a sindicância, foi ouvido um dos professores e mais seis alunos. Diante do artigo do jornal e da sindicância, o reitor assegura que vai tomar medidas disciplinares (não enunciadas), também declara que não vai prosseguir com a sindicância. Para o reitor, um dos alunos que prestou depoimento seria o divulgador das ideias ao jornal, sendo por isso o único culpado dos fatos decorridos. Corrobora na decisão

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