História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

51 Ester Rosa Ribeiro Na documentação da Inspetoria a centralização e o controle propalado tanto nacional como estadualmente estão presentes. Cons- tam no ano de 1936 dois documentos importantes. O primeiro é da- tado de 11 de abril de 1936, é uma relação das “aulas da campanha” (meio rural), bem como a localização e a situação do prédio das escolas subvencionadas. Já no dia 17 de outubro de 1936 o inspetor relata ao prefeito a inspeção realizada em uma escola subvencionada. Outro ele- mento é a questão de como encontrava-se a escola: “em perfeita ordem, asseio e disciplina”. De acordo com Schwartzman et al.; A padronização também é um aspecto da nacionalidade. A existência de uma universidade padrão, de escolas-modelo se- cundárias e técnicas, de currículos mínimos obrigatórios para todos os cursos, de livros didáticos padronizados, de sistema federal de controle e fiscalização, tudo isso correspondia a um ideal de homogeneidade e centralização de tipo napoleônico, que permitia ao ministro de seu escritório no Rio de Janeiro, saber o que cada aluno estava estudando em cada escola do país em um momento dado. (2000, p. 156). Dessa forma não havia espaço para métodos diferentes, nem nada que pudesse tirar o foco de uma educação ordenada, disciplinada e nacional. Durante o Estado Novo, a inspeção escolar buscava exercer o controle através de fiscalizações sobre os agentes envolvidos na educa- ção, bem como a instituições educativas, visando à efetivação, controle e regulação das políticas educacionais do período. De acordo com Santos e Ferreira; [...] a educação escolar foi estrategicamente usada com a in- tenção de eliminar focos contrários ao projeto nacionalista no período de 1937 a 1945. Um aparato legal foi elaborado, con- tendo diretrizes para a gestão de uma política que pretendia a inserção na sala de aula, de práticas pedagógicas, conteúdos e habilidades, delineando um espaço de reprodução de formas de pensar, sentir e viver conformados ao nacionalismo, alte- rando a cultura escolar original. (2006, p. 1-2). No período do Estado Novo as políticas educacionais estavam todas voltadas para a conformação dos brasileiros aos ditames da polí- tica nacional, bem como aos ideais de nação e civismo. Martins (1983, p. 10) diz que a política educacional é carregada de intenções. Ainda acrescento a análise de Azevedo (1997, p. 60) que diz que a política educacional se articula ao projeto de sociedade que se pretende im-

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