História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

48 Políticas públicas nacionais em educação entre 1930-1945: o caso de Rio Grande-RS... O teor do relatório enviado pelo Inspetor escolar de Rio Grande às escolas no dia 28 de maio de 1936 tem o teor muito próximo a uma das determinações do período: Há pouco esta Inspetoria organizou lições especiais de noções de GEOGRAFIA, HISTORIA PATRIA, GEOMETRIA e CIENCIAS NATURAIS para as 3ªs classes, distribuindo os respectivos pontos entre os professores dessas classes. As referi- das lições, em linguagem simples, própria e acessível à criança abrangem os conhecimentos necessários e imprescindíveis ao nosso escolar alfabetizado, uniformizando-se, assim, o ensino dessa pequena parcela de elementos com os quais devemos dotar a criança. Observo que as diretrizes educacionais percorriam um caminho descendente chegando até os municípios. Entendo que por isso o do- cumento acima citado possuí caráter nacionalista e de padronização do ensino. Outra característica da inspeção escolar durante os anos Vargas no Rio Grande do Sul diz respeito às professoras da nacionalização. Eras professoras que foram dar aulas em lugares onde o ensino era em língua diferente do português, especialmente alemão e italiano, e a comunida- de resistia as determinações nacionalistas. (BASTOS, 2005). Os profes- sores estrangeiros foram proibidos de lecionar pelo decreto n° 7614 de 12 de dezembro de 1938. Entretanto em Rio Grande, poucos dias antes deste decreto foi solicitado a naturalização de um professor alemão que lecionava no Ginásio Municipal. De acordo com Martins (2006, p. 85) havia em Rio Grande uma escola da comunidade luterana. O templo que lhe abrigava foi fechado em 1945. Na documentação da Inspetoria não há referências a está escola. Acredito que ela não foi fechada por ação da Inspetoria Escolar, mas devido a conjuntura da época. Em René Gertz encontrei mais um elemento da educação no Rio Grande do Sul presente também nas questões da inspeção escolar: o patriotismo e as festas cívicas. Segundo Gertz (2005, p. 103) nos regimes autoritários, patriotismo e festas cívicas costumam estar muito presentes no dia a dia. Escolas, alunos e professores tinham sido profun- damente envolvidos nessas atividades. Em 25 de setembro de 1936 o inspetor escolar de Rio Grande enviou ao prefeito um ofício onde relata sobre o êxito da Festa da Ár- vore salientando:

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