História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
295 Elisete Enir Bernardi Garcia A pesquisa contribui para problematizar certos enunciados e su- gere o repensar, inovar as políticas públicas voltadas para a modalidade EJA, com os desafios de constituir um currículo dialético e dialógico que reconheça a intersetorialidade da EJA com o campo do trabalho, da saúde, do meio ambiente, das culturas da comunicação, entre ou- tros aspectos. Currículo que considere a EJA como espaço de relações intergeracionais, de diálogo entre saberes, de compreensão e de reco- nhecimento da experiência e da sabedoria tensionadas pelas culturas dos jovens, adultos e idosos, e que reconheça a educação popular como princípio fundante. Enfim, que a produção das políticas públicas de Estado seja centrada em sujeitos jovens, adultos e idosos com a expressão de toda a diversidade, para assegurar o acesso e permanência na escola até a terminalidade, no mínimo, da Educação Básica, com aprendizagens significativas . Sinalizamos, com as vozes da pesquisa, que se faz necessário re- pensar a escola de “ensino regular sequencial” para que não seja mais preciso o jovem transferir-se da mesma para frequentar a EJA, por ser grande demais, por apresentar um risco com sua presença indisciplina- da, ou, ainda, por estar em disfunção idade-série. A escola deve configurar sua proposta de maneira a garantir a aprendizagem para todos e todas, independente da diversidade etária e de gênero. Libâneo (2003, p. 19) corrobora no entendimento de que para compreender e atender no espaço escolar a diversidade cultural pressupõe a necessidade de “reduzir a defasagem entre o mundo vivido do professor e o mundo vivido dos alunos, bem como promover, efeti- vamente, a igualdade de condições e oportunidades de escolarização a todos”. Pode-se dizer que os sujeitos da pesquisa desejam que a moda- lidade EJA seja capaz de concretizar uma formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, visando a relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura e em suas várias manifestações sociais. Os professores que se identificam e sensibilizam com o espa- ço-tempo da escola como possibilidade de diferentes aprendizagens e que acolhem, refletem e compreendem as questões da diversidade da contemporaneidade, tornam-se referência humanizadora no processo de ensinar e aprender na individualidade e na coletividade. Essa relação que se estabelece e interconecta-se demonstra a su- peração do que se construiu historicamente, ou seja, o retrato de uma
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