História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
294 Sujeitos da educação de jovens e adultos e a prática educativa expõem as pessoas ao trabalho precário e temporário e também ao não trabalho. Outro aspecto que podemos ressaltar é a centralidade que a for- mação continuada tem para a constituição do ethos da EJA, pois ao estar em sintonia com as necessidades dos docentes, se não na totalidade, mas em grande parte, tem contribuído para as discussões e enfrenta- mentos dos desafios que se interpõem à prática, confirmando que é pela práxis que se vai transformando a prática profissional. A formação de educadores e educadoras de EJA exige uma pos- tura dialética dos formadores. Como nos diz Saviani (2002, p. 48), “pensar dialeticamente não é apenas pensar as contradições, mas pensar por contradição”. Exige a ruptura com a formação segmentada, frag- mentada, que valoriza a especialização ao invés da compreensão da to- talidade. Essa precisa se fazer e refazer-se na singularidade das práticas dos sujeitos envolvidos. Os professores, interlocutores da pesquisa, são permeados por uma prática, por um ethos. Sentem-se desconfortáveis com a rigidez curricular, com a fragmentação do ensino, com o ensino descompassa- do e descolado da realidade. Mostram-se interessados em compreender e criar alternativas curriculares flexíveis e viáveis para inter-relacionar o currículo com a vida, com o mundo do trabalho, com a necessidade vivencial e vital, com a cultura, para construir uma proposta que com- preenda os sujeitos que estão sendo estudantes e transcenda o universo escolar para contemplar a vida, com suas diversidades. SÍNTESE Somos provocados a pensar, com a polifonia das vozes dos es- tudantes, em práticas educativas em que os jovens, adultos e idosos encontrem espaço de participação, de convivência para poderem falar de si, espaço para criar e pensar alternativas possíveis e viáveis para uma aprendizagem significativa, sem estar fechado a uma cultura escolar sis- tematizada em conteúdos desconectados da vida. Assim, é preciso fazer a reinvenção da escola, isto é, a reinvenção do currículo. E esses currí- culos reinventados devem ter como centralidade os conhecimentos para compreender o mundo do trabalho formal e informal, da sobrevivência, das diferenças, da diversidade. Conhecimentos que os ajudem a proble- matizar e entender-se como indivíduos e, sobretudo, como coletivos.
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