História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

293 Elisete Enir Bernardi Garcia Os dados apresentados na pesquisa sinalizam a existência de um grupo qualificado para exercer a função de magistério, muito além da realidade nacional. No entanto, constata-se que quando o professor inicia sua atuação na EJA, a grande maioria, que não tem formação específica, baseia sua prática nos materiais didáticos, na reprodução e transposição de conhecimentos trabalhados com as crianças no Ensino Fundamental. Somente pela vivência escolar, pela convivência com jo- vens e adultos e no desenvolvimento da prática docente, vão descobrin- do uma outra forma de atuação. Os professores ainda são formados pelos cursos de licenciatu- ra, em que predomina o enfoque da escolarização e do trabalho com crianças. Analisando os currículos das Universidades da Região, essa perspectiva ainda se mantém, pois a inclusão de apenas uma disciplina no currículo que trata da questão da EJA não garantirá essa mudança, considerando que essa modalidade lida com sujeitos diversos, em con- dições histórico-sociais diversas e, portanto, em condições diversas de produção de saberes. Formação inicial e formação continuada deveriam complemen- tar-se e, com isso, qualificar os projetos educativos das escolas, mas, na maioria das vezes, elas estão distantes. Com isso, sinalizamos para a necessidade de trabalhar na construção da identidade docente, que se dá não só pelas teorias estudadas, mas também pela vivência e pelas práticas construídas ao longo de toda a trajetória de vida do educador. Prática essa entendida como práxis e reelaboração individual e coletiva do fazer pedagógico e da identidade profissional a partir des- sa reflexão. Sendo assim, a escola deve ser entendida como espaço de formação também para o professor. Para Nóvoa (1995, p. 39), existem diferenças entre formar e formar-se, “é tempo de professores pensarem em formar-se, assinalando-se as dimensões pessoais (o eu indivíduo) e as dimensões profissionais (o eu colectivo) nas quais esse processo deve alicerçar-se”. Destacam-se, para tanto, algumas dificuldades apresentadas pelas falas dos professores que podem ser relacionadas à própria es- pecificidade da EJA, que ganhou novos contornos, nos últimos anos, principalmente pela ampliação do atendimento aos anos finais do En- sino Fundamental. Dentre elas, sinalizamos as que aparecem estar mais diretamente vinculadas à necessidade de formação dos interlocutores desta pesquisa: as que estão relacionadas à problemática da diversidade das diferentes faixas etárias e das mudanças no mundo do trabalho, que

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