História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

287 Elisete Enir Bernardi Garcia cessidades das mulheres possam ser contemplados no cotidiano escolar. A presença massiva das mulheres na EJA não tem causado desconforto para os docentes. No entanto, a presença dos jovens, que geralmente são do sexo masculino tem provocado maior embate e desconforto por parte dos docentes. No contexto escolar, a presença das mulheres na relação com os jovens tem-se dado de forma a apaziguar os conflitos geracionais, talvez pela razão de atribuírem mais para si a tarefa de con- ciliação, como nos fala uma estudante: “nós estamos acostumadas com os nossos filhos, por isso os entendemos – os jovens”. (SMED, 2009). Desta forma, evidencia-se que a presença dos jovens, causa inse- gurança para muitos dos docentes que alegam ser esse o motivo da per- da de identidade da EJA, pensada para um público adulto. Muitos es- tudantes, de diferentes faixas etárias, compartilham desta visão e alegam que a EJA deveria ser somente para o trabalhador. Por isso, segundo eles, os jovens que não trabalham não deveriam estar nesta modalidade. Os jovens da pesquisa pertencem ao mundo do trabalho de forma muito instável. Geralmente, quando conseguem uma ocupação, ela se dá de forma informal ou temporária, por isso sua situação la- boral é de muito vai e vem 4 . Eles se incorporam à EJA objetivando concluir a escolaridade para disputar vagas no mundo do trabalho que exigem maior qualificação. Nesse quesito, se aproximam dos objetivos dos adultos, que buscam a escolarização, mas diferenciam-se em outras tantas questões. Assim, os jovens, adultos e idosos possuem diferentes interesses e demandam diferentes necessidades para serem atendidos com suas especificidades nas turmas de EJA. Os estudantes, ao serem instigados a falar sobre a escola, im- primiram diferentes sentidos, significados e sentimentos sobre a con- vivência com o espaço escolar. No entanto, uma das características que principalmente os jovens compactuam é de que a escola é necessária e importante, por isso entendemos que a escola torna-se um passapor- te identitário para os jovens, pois mesmo quando não se conectam ao mundo escolar, eles querem estar na escola, apostam e acreditam nela. Nesse sentido, um dos desafios é a inclusão dos jovens, princi- palmente os de 15 a 18 anos, pois mesmo tendo o acesso garantido na lei, esses jovens não são bem-vindos na EJA, por serem considerados jo- 4 A relação da juventude com a escola e com o trabalho foi tema da Dissertação de Mestrado. Ver: GARCIA, Elisete Enir Bernardi. Um estudo sobre juventude e espaço-tempo escolar. Dissertação de Mestrado. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Gra- duação em Educação, 2005.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz