História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
278 Reflexões sobre a situação da juventude na linha de fronteira Brasil/Bolívia: Cáceres Em Cáceres, os parcos postos de trabalho formal, a expansão da informalidade, a limitação da ação da escola no sentido de promover o jovem a sujeito participativo na e para a concretização de seus direitos, a carência da atuação do Estado como instância geradora de programas específicos, são alguns dos aspectos que expõem a juventude à vulnera- bilidade social. Embora se tenha alcançado avanços com a institucionalização do Estatuto da Juventude, a sua existência por si só não muda a reali- dade se os gestores não tiverem vontade política. No país, a morte de jovens tem crescido, e em 2017 foram mortos 35.783 jovens, de acordo com Cerqueira e Lima et al., (2019), o que é inconcebível para um país cuja população está envelhecendo, de modo que as políticas não podem desconsiderar o conhecimento científico especializado e acumulado so- bre o tema. Cerqueira e Lima et al., (2019) , manifestam uma questão, ainda sem dados para uma resposta, em relação ao futuro da nação: se “a guerra das facções penais somadas à possibilidade do crescente armamento da população e à adesão a uma retórica de embrutecimento policial e da licença para matar sobrepujará ou não uma tendência de queda de homicídios [de jovens] para os próximos anos”. ( p. 96). Os problemas sofridos pela população não podem ser tratados de forma linear, pois s omos um país extremamente desigual não apenas econômica, racial, mas regionalmente. Portanto, como solucionar os problemas gerais da população jovem do país sem resolver, pontual- mente, os problemas que atingem profundamente a juventude de de- terminada região? A população de jovens, filhos de famílias ou sob a responsabili- dade de pessoas consanguíneas de baixa renda são as mais atingidas pela ineficiência dos poderes públicos no cumprimento das suas obrigações institucionais, sejam eles governadores, prefeitos, políticos, professores, policiais ou juízes, quer na implantação ou implementação das políticas. Frente a isso, surge o desafio de elaborar novos caminhos que assegurem mecanismos para desenvolver respostas às demandas que im- plicam reestruturações internas na sociedade, e novos veículos de par- ticipação capazes de promover a vivência dos direitos de cidadania já existentes.
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