História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
277 Maria do Horto Salles Tiellet A lentidão na elaboração, implantação ou implementação de políticas e de medidas de proteção colocam a juventude na condição de vítima, a mais vulnerável. A omissão do Estado em prover e garantir o mínimo para a existência do indivíduo cria bolsões de miséria, de desas- sistidos, além de alimentar a criminalidade e a violência. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realidade social não é percebida de forma transparente, é a aparência que insiste em se colocar a nossa frente, faz com que a rea- lidade não se apresente em sua essência, pois, se assim o fosse não se- riam necessárias as ciências para entendê-la e não haveria necessidade de instrumentos de medição. Assim, buscou-se, neste estudo, através de referenciais empíricos, de dados já consolidados por instituições de pesquisas oficiais desvelar, pôr a descoberto junções, movimentos, rup- turas, conexões da teia social do município de Cáceres. A população jovem cacerense, semelhante à do país, vem de- crescendo. Essa diminuição da população jovem deverá impactar a eco- nomia do país. Por outro lado, para essa população as políticas estão sendo refreadas, seja na educação, na segurança ou no trabalho. A juventude cacerense totaliza 23.986 pessoas entre 15 e 29 anos de idade, havendo necessidade de políticas públicas que atendam as especificidades desse contingente populacional, residente em um município de fronteira, especialmente no que tange às dimensões — educação, trabalho e segurança. Independente das estatísticas, os municípios da fronteira são estigmatizados como lugar de violência, mas diferentemente de outras regiões brasileiras de fronteira com a República da Bolívia, a cidade de Cáceres não apresenta índices significativos de homicídios envolvendo jovens. A violência não é um fenômeno isolado, é, sobretudo, conse- quência de macrodeterminações que acentuam a desigualdade social e de renda e, ao mesmo tempo, o Estado conforta a população pobre e miserável com “presentes” no lugar de políticas sociais efetivas e con- solidadas de modo a tirá-la da condição em que vive, em um jogo, em que a população pobre torna-se ora útil e tratada como cidadã, ora é colocada na condição de improdutiva. O Estado brasileiro abandona determinadas regiões e populações à própria sorte.
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