História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

273 Maria do Horto Salles Tiellet que a “desconfiança impede o desenvolvimento econômico e vice-ver- sa”. (SESPMT, 2010, p. 12). VIOLÊNCIA, DESIGUALDADE E POBREZA A violência, segundo alguns autores, possui fortes vínculos com a vulnerabilidade social em que se encontra grande parte da juventu- de brasileira. A violência é uma temática que ganha visibilidade social através da atuação dos meios de comunicação que apresentam fatos, acontecimentos e dados, com o objetivo de informar, e, em outros, as redes sociais através de fake news , que a população toma como verdade, que têm o fim de aterrorizar, disseminar o medo, a desconfiança, a in- segurança, o sensacionalismo inconsequente. As manifestações de violência desafiam a capacidade que se tem de compreender, explicar, agir sobre a realidade, propor alternativas e novas relações. Desvendar as relações e as rupturas, ou ocultar as co- nexões da violência a que estão sujeitos os jovens ou as exercidas por eles põem em destaque três aspectos da realidade cacerense: o primeiro é o da desigualdade na distribuição de renda e nas oportunidades de inclusão econômica e social (falta de oportunidade de trabalho no setor formal da economia), já mencionado; o segundo aspecto diz respeito à localização geográfica do município – faixa de fronteira com a Bolívia – considerado pelas autoridades ponto estratégico, no território brasi- leiro, do tráfico de armas, de drogas e da rota dos carros roubados, pois, “[...] na modalidade tráfico de transporte, os municípios servem de dis- tribuidores no Brasil para outros estados da droga boliviana” (SESPMT, 2010, p. 126). Isso tem promovido emprego para a população caceren- se, conclusão que chega à pesquisa da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (SESPMT): “o tráfico promove emprego para a população”. (SESPMT, 2010, p. 116). O relatório do SESPMT de 2010 aponta que “o tráfico é o principal crime e ao mesmo tempo fundamental fonte de recurso da região, o que termina gerando tolerância, manifesta de maneira silen- ciosa por parte da população”. (SESPMT, 2010, p. 118). Isso vem a somar-se ao terceiro aspecto que é a tolerância da sociedade da RISP 6 com o tráfico, quer pelo envolvimento ou pelo medo. O envolvimento da sociedade inclui o aliciamento de jovens de todas as classes sociais, em diferentes papéis, seja a de usuário ou a de traficante, e, deste, seja na

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