História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

271 Maria do Horto Salles Tiellet São as mudanças na organização do trabalho que trazem impacto no modo de vida da juventude. Os jovens, principalmente os que vivem em situação de vul- nerabilidade, historicamente são considerados um grupo com grande dificuldade de inserção na atividade econômica. E, no atual contexto, se deparam com um mercado de trabalho for- temente impactado pelas mudanças da estrutura da produção. (ABRAMOVAY; ANDRADE; ESTEVES, 2007, p. 270). Ao se considerar somente 12,46% da população cacerense, ou as 10.144 pessoas com 10 anos ou mais de idade, que possuem doze anos completos de escolaridade, portanto, em condições culturais de pleitear o ingresso no Ensino Superior ou disputar um emprego que exija a formação de nível médio, observa-se o seguinte: alguns ingres- sam na universidade; outros, na tentativa de ajudar no orçamento fami- liar, ingressam no mercado de trabalho aceitando emprego de até dois salários (SM) ou se dirigem ao mercado informal; e outra parte engrossa o exército de jovens ociosos, principalmente do sexo masculino, que nem continuam seus estudos e nem trabalham. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 2013, 12,63% da população na faixa de 15-24 anos de idade não estudam nem trabalham. Na cidade de Cáceres, é comum encontrar pessoas com curso superior, principalmente em licenciaturas, exercendo a função de caixa de supermercados, atendentes de consultórios médicos, de advogados ou de dentistas. Se, por um lado, essa situação qualifica os serviços ofe- recidos pelos empregadores, por outro desmotiva, baixa a autoestima daqueles que apostaram e acreditaram que a obtenção de diploma em curso superior traria melhoria na qualidade de vida, e possibilidade de aquisição de um emprego que lhes proporcionasse mudança de vida. O município de Cáceres possui 1.365 pessoas que não têm ren- dimento ou que ganham ¼ do salário mínimo, 35.394 pessoas com rendimentos mensais de até meio salário mínimo que correspondem a 55,76% da população total estimada [2018] de 93.882 pessoas. O município disponibilizou, em 2019, por meio do Sistema Nacional de Emprego (SINE), “370 vagas em 79 funções diferentes. Os destaques são para trabalhador rural, com 47; motorista de caminhão, com 34; motorista de carga a frete, com 29 vagas; e operador de máquinas agrí- colas, com 28” (SETASC, 2019). A juventude cacerense está exposta à precariedade escolar e a elevados índices de pobreza, colocando-a em situação de fragilidade so-

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