História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
27 Alessandro Carvalho Bica, Simoni Costa Monteiro Gervasio e Tobias de Medeiros Rodrigues Ademais, nos processos de escrita sobre história da educação, os documentos-fontes são como registros particulares e particularizados que compõem um caleidoscópio único, permeados de vários matizes escritos do passado, ancorados na tênue linha da história. Logo, com- preende-se que a visão acurada e precisa do pesquisador produz vários sentidos sobre essas fontes obliteradas pelo tempo passado. Nessa perspectiva então, cabe ao historiador a tarefa de locali- zá-las, selecioná-las e interrogá-las, pois, o sucesso da qualidade do tra- balho teórico de um pesquisador dependerá da qualidade das perguntas que forem feitas aos documentos ou da forma como eles forem usados. Nesse sentido, para Ragazzini (2001, p.14): [...] a fonte provém do passado, é o passado, mas não está mais no passado quando é interrogada. A fonte é uma ponte, um veí- culo, uma testemunha, um lugar de verificação, um elemento capaz de propiciar conhecimentos acertados sobre o passado. Conforme o autor (2001, p. 15), o trabalho do historiador pode ser representado “como uma ponte entre o presente e o passado”, possibilitando assim uma interlocução dos problemas historiográficos enfrentados no presente com o uso de metodologias apropriadas na construção/reconstrução do conhecimento histórico. Assim sendo, as pesquisas realizadas em acervos documentais, sob a luz e as técnicas empregadas pela análise documental, possibilitam a categorização dos documentos e/ou dos arquivos 7 em tipos de fontes a ser agrupadas segundo sua tipologia e características. Nesta perspectiva teórica e metodológica, alguns questionamentos auxiliam como ponto de partida para a operação historiográfica: - Como o pesquisador em história da educação deve se portar em relação aos conjuntos de fontes existentes nos arquivos? - Quais são os limites, as fronteiras e as possibilidades/impossi- bilidades das fontes com que trabalhamos? - As dinâmicas de organização das fontes nos arquivos revelam e/ou podem influenciar na escrita da história? - Somente os documentos preservados podem determinar o processo e o trabalho da pesquisa? - Quais as intenções contidas nos documentos preservados? - Como relativizar as fontes escritas e iconográficas? 7 Na construção dessa divisão, usamos como base de conceituação da análise documental e também na divisão do corpo das fontes, os textos produzidos por Cunha (1989), Ludke & André (2007), Pimentel (2001) e Rampazzo (2005).
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