História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
268 Reflexões sobre a situação da juventude na linha de fronteira Brasil/Bolívia: Cáceres estudo com trabalho; falta de informações sobre vagas de trabalho e dificuldade de encontrar o primeiro emprego. Embora tenham sido ela- boradas políticas públicas de redução de desemprego, entre as quais o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONA- TEC), o Jovem Aprendiz e o Sistema Nacional de Emprego (SINE), estas não são implantadas em cidades interioranas e de fronteira pela falta de postos de trabalho. Cáceres, na condição de cidade interiorana e de fronteira, é exemplo da situação em que se encontra a juventude em relação à inserção no mercado de trabalho. A cidade de Cáceres possui um dos maiores rebanhos bovinos do país (980.953 cabeças), sendo a pecuária a principal base da sua economia, seguida pela prestação de serviços, uma inexpressiva indús- tria e um turismo que vem dando passos miúdos, crescendo de forma desordenada, sem uma política que possibilite a absorção da popula- ção jovem do município. Embora a pecuária seja a principal atividade econômica, é a prestação de serviços que alimenta o produto interno bruto (PIB) 17 .No entanto, o PIB per capita não reflete a situação real de pobreza em que se encontra a população cacerense. Isto porque o PIB per capita não considera o nível de desigualdade de renda da população manifestado, de forma direta, no campo econômico, definindo diferen- ças entre a população, e nem de forma indireta, no campo cultural, nas relações de poder e na discriminação a que a maioria da população está sujeita. Assim, somando-se os cacerenses que não possuem rendimento com os que ganham de ¼ até 1 salário mínimo (SM) tem-se o total de 49.045 pessoas; já os que ganham mais de 1 até 30 SM totalizam 23.857 pessoas. Em 2016, o salário médio mensal era de 3.1 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 16.2%. [...] Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 37,7% da população nessas condições [...]. (IBGE, 2015). Esses dados mostram a enorme desigualdade em que está mer- gulhada a população cacerense. De acordo com a Pesquisa de Orça- mentos Familiares (POF 2002/2003), IBGE (2010), a incidência da pobreza em Cáceres é de 39,02, e da pobreza subjetiva é de 34,78, o que se expressa no índice GINI de 0,46. Segundo Maia e Buainain (2011), leva-se, 17 Em 2016, segundo IBGE, foi de R$ 18.911,20.
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