História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

265 Maria do Horto Salles Tiellet 80 quilômetros da cidade boliviana de San Matias, o que proporciona intercâmbios culturais e econômicos com o país vizinho. Ao longo da linha divisória de fronteira há um contingente sig- nificativo de fazendas de gado. Essa faixa fronteiriça facilita ações lícitas e ilícitas. As ações ilícitas vão do roubo ao tráfico de drogas e também ao homicídio. No ano de 2015 houve o retorno de uma ação criminosa que já fora intensa em anos anteriores, nos municípios da faixa de fron- teira do Mato Grosso, incluindo Cáceres: o assalto às propriedades ru- rais localizadas na linha limítrofe entre um país e outro, visando roubar máquinas agrícolas, especialmente tratores, e também gado. No volume 7 do Relatório da Pesquisa de Condições de Vida e Vitimação no Estado de Mato Grosso, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) em parceria com a Secretaria Na- cional de Segurança Pública (SENASP), realizado em 2010 encontra-se a seguinte afirmação: Acredita-se que alguns municípios da região tenham sua eco- nomia fortemente vinculada ao tráfico. Neste caso o envolvi- mento com o tráfico perpassaria todos os segmentos sociais. Adolescentes e jovens pobres passariam por mulas, ou se pros- tituiriam. Homens já maduros bem posicionados financeira- mente seriam donos de fazenda que fariam fronteira entre os dois países, o que facilitaria o tráfico. (SESPMT, 2010, p.126) A percepção de que a economia da RISP 6 está atrelada ao trá- fico de drogas incomoda os moradores 9 , especialmente os que não têm envolvimento direto. Por outro lado, não conseguem construir outra percepção. E por serem tolerantes e aceitarem silenciosamente os tra- ficantes – profissionais mascarados de empresários, fazendeiros ou co- merciantes – isso intensifica o contágio do tecido social por ações ilícitas alimentadas por uma fronteira desguarnecida, que apresenta somente três pontos de defesa avançados ou guarnições estacionadas: Corixa, Tremedal e Casalvasco, que não são suficientes para cuidar da extensão territorial do município que separa a República da Bolívia da Repúbli- ca Federativa do Brasil. E com pouca fiscalização, a oportunidade para ações ilícitas se apresenta como óbvia. A linha de divisa Brasil/República da Bolívia é reconhecida como a principal rota do tráfico de drogas do país, denominada cor- redor Brasil-Bolívia, pelo qual transita o tráfico de drogas e de pessoas, 9 “Recentemente, um resultado de pesquisa teria deixado a população de Porto Esperidião incomodada. De acordo com essa pesquisa, 80% da população viveria do tráfico de drogas” (SESP, 2010, p. 126).

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz