História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

263 Maria do Horto Salles Tiellet podendo-se afirmar que essa juventude se diferencia daquela do restante do país. As comunidades fronteiriças “se ressentem de um distancia- mento de suas representações políticas e das próprias políticas públicas, que parecem não lhes alcançar de forma satisfatória” (BRASIL, 2010, p. 11). Há distanciamento entre as diversas instâncias políticas, em di- versos níveis, entre si, e entre as administrações municipais de cada lado da fronteira, sem definição de ações que possam intervir na melhoria da qualidade de vida da população fronteiriça. A juventude, especialmente, de cada lado desses limites, ali tran- sita por diferentes motivos: do lado estrangeiro, ela avança em território brasileiro em busca de emprego/trabalho, tratamento médico e estudo. E do lado brasileiro, a juventude transpõe os limites em busca de em- prego, muitas vezes do primeiro emprego, e muitas vezes é acolhida, no outro lado da fronteira, por quadrilhas que propõem satisfazer sonhos em troca de alguma ação ilícita. A faixa de fronteira é extremamente diversificada geografica- mente. As áreas da faixa de fronteira “vêm sofrendo um processo acen- tuado de transformação ao longo do tempo [...]. Outras permaneceram com paisagens originais pouco alteradas [...]” (BRASIL, 2010, p. 18). No texto em pauta pretende-se expor a situação de um dos municípios na zona de fronteira com a República da Bolívia. ZONA DE FRONTEIRA COM A REPÚBLICA DA BOLÍVIA São vinte e dois municípios 7 brasileiros de pequeno e médio porte, localizados na fronteira com a República da Bolívia, e somente no Mato Grosso são cinco. Nos vinte e dois municípios a juventude se encontra à mercê de quadrilhas que dominam várias ações ilícitas. Sem a implantação das políticas públicas que possam atingir a juventude desses lugares, integrantes desse segmento são cooptados por narrativas de coragem, de aventura, de possibilidade de realizar desejos, sonhos. 7 Municípios brasileiros na linha de fronteira com a República da Bolívia, no estado do Acre são sete municípios (Acrelândia, Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Epitaciolândia, Placito de Castro, Xapuri); no estado de Rondônia são nove municípios (Alta Floresta D’Oeste; Alto Alegre dos Parecis, Cabixi, Costa Marques, Guajará Mirim, Nova Mamoré, pimenteiras do Oeste, porto Velho, São Francisco do Guaporé); Mato Grosso do Sul apenas dois municí- pios (Corumbá e Ladário) e, no estado de Mato Grosso são cinco (Vila Bela da Santíssima Trindade, Porto Esperidião, Poconé, Comodoro e Cáceres).

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