História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

261 Maria do Horto Salles Tiellet Inicialmente, a violência estruturante se precipita contra a fren- te progressista e, posteriormente, libera manifestações de ódio, raiva e gestos de intimidação por parte de agentes públicos (presidente, gover- nadores, parlamentares de todos os níveis) sem nenhum pudor, contra públicos específicos, o que inclui a população de Lésbicas, Gays, Bis- sexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros e Intersexuais (LGBTI), quando, por responsabilidade do cargo e da função que exercem esses gestores deveriam desenvolver ações para refrear a onda de violência. Segundo dados do Atlas da Violência de 2019 (CERQUEIRA et al., 2019), a taxa de homicídios cresceu 31,6 por 100 mil habitantes, revelando-se o maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país. Foram 65.602 homicídios, no país, em 2017, e, destes, 35.783 foram jovens assassinados. E mais, 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil, em 2017, eram negras. O relatório ainda aponta aumento do número de mulheres assassinadas em 2017, sendo 13 vítimas por dia, o maior número em 10 anos, as 4.936 mulheres assassinadas somam-se ainda o homicídio de pessoas do grupo LGBTI. (CERQUEIRA et al., 2019). Naturaliza-se e também se aceita a violência por diferentes me- canismos, incluindo a culpabilização da vítima, particularmente, de se- tores vulneráveis que demandam proteção – os idosos, as crianças, os adolescentes e a juventude, incluindo as mulheres e os negros. Soma-se a isso o fato de a juventude ser um segmento da população considera- do sinônimo de problema, como muitas vezes o senso comum e parte da mídia fazem pensar 6 . É um segmento que apresenta uma série de carências em consequência das limitações no campo social, econômico e cultural, quer seja pela indisponibilidade por parte da sociedade e do Estado da efetivação de políticas. A exclusão social de um grande contingente de jovens brasilei- ros compromete sua vida futura. Além disso, constituem um desperdício da potencial contribuição dos jovens ao desenvol- vimento do País. (COSTANZI, 2009, p. 19). É na juventude que um país encontra potencial para seu crescimento. A compreensão e o reconhecimento por parte do Estado do papel estratégico da juventude para o desenvol- 6 Abramo (1997), ao tratar sobre a tematização social da juventude no Brasil, destaca que, além da mídia e do senso comum, também a maior parte dos atores políticos e das institui- ções que orientam e formulam ações direcionadas aos jovens, focalizava a temática juven- tude atrelada a uma ameaça à ordem social, ao caráter de problema tanto para o próprio jovem quanto para a sociedade.

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