História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

260 Reflexões sobre a situação da juventude na linha de fronteira Brasil/Bolívia: Cáceres ficativo de informações disponibilizadas em diferentes fontes que utili- zam a faixa etária como parâmetro para a organização das informações. O segmento populacional entre 15 e 29 anos de idade, em sua maioria, em especial o localizado no interior do país, não tem acesso a determinados insumos, entre os quais saúde, lazer, cultura, moradia e Educação Superior. Essa população sente o declínio das oportunidades de trabalho, e parte dela se encontra mergulhada na miséria, vítima da pobreza e da violência estrutural 5 . A violência estrutural foi rebatizada por Waiselfisz (2012) de violência estruturante, que significa “as diversas formas de danos físicos ou psicológicos que, tendo condições de serem evitadas, não o são pela negligência ou pela negação dos direitos básicos de saúde e bem-estar de setores considerados vulneráveis ou de proteção prioritária pelas leis do país” (p. 9), causadas pela corrupção endêmica que envolveu gestores públicos em conluio com o setor privado, com o propósito de sub- trair recursos dos cofres públicos, afetou as instituições e inviabilizou o funcionamento das precárias políticas existentes na área de educação, saúde, segurança e para setores específicos da população entre eles a juventude. Após as eleições presidenciais de 2018, a violência estruturante tornou-se mais explicita não só pelo recuo das políticas públicas, mas também pela negligência ou pela negação daquelas que tratam dos di- reitos básicos de saúde e bem-estar de setores considerados vulneráveis, principalmente por uma agenda conservadora que alimentou e mudou a violência culturalmente permitida ou velada de setores da sociedade e de grupos sociais para o modo explícito, escrachado, sem censura, sem civilidade. Isso em nome de uma pseudoliberdade de expressão, de um nacionalismo de fachada, e contra todos os que divergem do pensamen- to de direita e conservador que se instalou no poder. A violência estruturante não só se alimenta da negligência, da negação dos direitos básicos, mas também do quantum de violência que é culturalmente permitido e tolerado por parte de indivíduos ou instituições da sociedade e do Estado, e, principalmente, pelas mani- festações e exemplos dados pelos principais agentes públicos do país. Nesse sentido, o racismo, o preconceito, a xenofobia, e os sentimentos de indiferença, de antipatia, de repulsão naturalizam e até justificam a “violência silenciosa e difusa com os setores vulneráveis da sociedade”. (WAISELFISZ, 2013, p. 98). 5 Formulada por Cecilia Minayo (1990) e outros.

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