História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

248 Um olhar sobre o Programa Mulheres Mil a partir de duas experiências da economia... dologia. Com a entrada de profissionais externos ao Instituto Federal, recebendo por hora trabalhada, ao cumprirem as horas pactuadas no termo de compromisso, qual seja, do encontro entre alunas e docentes na relação de ensino-aprendizagem no tocante à aula, ao final, estariam dispensados e desobrigados a participar de outras atividades. Essa relação “profissional”, na perspectiva das educadoras que atuaram nas primeiras versões do PMM, afastava o profissional do envolvimento com outros aspectos fundamentais para a dinâmica do PMM, rompendo com questões coerentes à proposta; havia o sentimen- to de mudanças na gestão, decisão e direção do programa, caminhando para a construção de outro tipo de relação. Outro destaque relaciona-se ao engessamento quanto às formações dos cursos que respondiam aos catálogos padronizados dos cursos do PRONATEC, perdendo lugar à flexibilidade e adequação à comunidade. Na visão das educadoras do IF de Minas a migração ao PRONATEC não atendia ao perfil do PMM e levou a novos rearranjos com a fusão. Cabe ressaltar que vários cursos do Pronatec faziam exigência de pré-requisitos de escolaridade, constituindo uma barreira para aquelas mu- lheres que não tiveram acesso à escola na idade certa. De acordo com Cleo- nice Maria da Silva (2016), o PMM tem por mérito uma proposta que avança na composição de um plano educacional para mulheres, que exige do docente uma metodologia diferente da tradicional da sala de aula, refe- renciada teoricamente na pedagogia progressista, com concepção de apren- dizagem ancorada na abordagem construtivista, baseada no reconhecimen- to de aprendizagem e conhecimento preexistentes trazidos pelas educandas. Outro trabalho relevante para este estudo foi o desenvolvido por Tavares e Araujo (2018) em que estabelecem uma análise do PMM como uma possibilidade de autonomia para mulheres em vulnerabili- dade social, discutindo o potencial de emancipação conquistado pelas mulheres através do programa. A pesquisa foi desenvolvida com base nos cursos ofertados no Câmpus Pelotas/IFSul. O PMM foi ofertado no Campus Pelotas do IFSul entre os anos de 2012 e 2015, sendo ofertadas duas turmas por ano, atendendo uma média de 20 alunos por turma, totalizando oito turmas e cerca de 160 alunas no decorrer destes quatro anos. Os cursos ofertados foram: Cuidador de Idosos, Empre- gada Doméstica, Auxiliar de Educação Infantil, Cartonageiro e Pintor de Obras. (TAVARES; ARAÚJO, 2018, p. 3).

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