História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
247 Aline Nunes da Cunha de Medeiros então, a gente prevê algumas atividades específicas que são os passeios culturais, peças de teatro, cinema, a noite da bele- za... aí migrou para o Pronatec; os professores começaram a ser pagos e as alunas recebiam uma ajuda, por dia de aula, que era R$ 12,00 reais e, cada turma, era de 20 mulheres, no máximo, que era o que previa pela pregação do Pronatec.” (Entrevista, Gestora 2, 05/06/2017, campus Pelotas). No início de 2014, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Ministério da Educação (MEC) firmaram parceria para integrar o Programa Mulheres Mil ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria (PRONATEC/BSM). Essa nova etapa suscitou divergên- cia quanto ao novo rumo tomado pelo Programa. O dilema se deu em relação ao encetamento de recursos, uma vez que os profissionais que atuavam no programa, anterior a 2014, não recebiam nenhuma remu- neração pelos serviços prestados, operando em regime de “voluntaria- do”, guiados pela possibilidade de atuar em um trabalho de transforma- ção social. Com a injeção de recursos, muitos profissionais que antes não demonstravam interesse, passaram a disputar as vagas no Programa. O grande temor estava no fato de descaracterizar as intenções que mo- viam o Programa e imperar o viés do capital. O propósito do “voluntariado” na dinâmica do Programa Mu- lheres Mil recebe destaque na dissertação de Cleonice Maria da Silva (2016) adquirindo um papel fundamental para pensar a transição que acompanhou o período anterior à entrada do PMM ao PRONATEC. Nesta pesquisa, a autora realizou entrevistas com quatro educadoras que atuaram em dois cursos no Instituto Federal de Minas, nos anos de 2012 e 2013, e, carrega relatos da percepção das professoras sobre a passagem do voluntariado ao instante em que ocorre o pagamento pelas atividades praticadas no programa. O período que antecede a incorporação do PMM ao PRONA- TEC remonta a um tempo de dificuldade em compor a equipe de apoio técnico para atuar junto às mulheres, na medida em que não havia fun- ção gratificada àquelas que atuassem no PMM. Todavia, ao atuar no PMM, as horas inseriam-se no plano de trabalho do docente pela via da extensão. De acordo com os depoimentos das educadoras do IF de Minas ao atacar o problema relativo ao pagamento dos educadores/ as criavam-se outras dificuldades, tais como a fragmentação da meto-
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