História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

233 Aline Aparecida Martini Alves É importante compreender a magnitude de uma política edu- cacional que propõe a formação dos jovens em nível de Ensino Mé- dio e sua inter-relação com o mundo do trabalho, dada a relevância social que o referido nível de ensino significa para o desenvolvimen- to econômico, social e político do país. Mesmo sabendo que é uma política nova que está sendo desenhada e que este é apenas um pri- meiro olhar para as consequências da reforma para a sociedade, no tocante à formação dos jovens estudantes do Ensino Médio das ca- madas populares e suas possíveis reverberações para a construção de projetos societários alinhados à lógica de disseminação do capital. O “novo Ensino Médio”, como está sendo amplamente publi- cizado pelo governo na mídia, nada tem a ver com a formação humana integral, defendida consistentemente por intelectuais orgânicos da es- querda, que tecem fortes críticas aos formuladores da referida proposta “pela insistência na sua vinculação aos interesses da economia capitalis- ta, atribuindo a essa etapa da formação de jovens um caráter fortemente instrumental, mais do que de formação humana em sentido amplo” (RIBEIRO, FERRETI, 2017, p. 401). Ou seja, uma política educacio- nal que, já de antemão, demonstra fortes indícios de que trará grandes retrocessos à sociedade, em detrimento dos pequenos avanços obtidos a partir dos anos 2000. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Portaria 724, de 13 de junho de 2017. Es- tabelece novas diretrizes, novos parâmetros e critérios para o Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral – EMTI. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 14 jun. 2017. forças naturais pertencentes à sua corporeidade, braços, pernas, cabeça e mãos, a fim de se apropriar da matéria natural numa forma útil à própria vida. Ao atuar por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. (apud FRIGOTTO, 2010, p. 58). No entanto, o emprego no sistema capitalista reduz-se à venda da força de trabalho pelo trabalhador ao patrão, que, numa relação desigual, paga salários que não condizem com o valor da atividade realizada e extrai a mais valia, por meio da exploração do trabalho, aumentando seus lucros. Este modelo deve ser repensado por uma nova lógica, de formação politécnica que, segundo Marx, prevê a indissociabilidade entre a formação intelectual, física e tecnológica, a fim de superar a fragmentação dos conhecimentos pelos homens.

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