História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

227 Aline Aparecida Martini Alves a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupa- ção ou aperfeiçoamento posteriores”, numa visão omnilateral , de forma- ção humana integral. A eleição do trabalhador e sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002, trouxe esperanças de rupturas estruturais com o sistema capitalista por parte dos movimentos sociais e grande parte da classe trabalhadora. Porém, é importante considerar que para formar a coalizão de governo, o vice-presidente escolhido, José Alencar, representava a aristocracia brasileira e os interesses do empre- sariado, e que a entrada no sistema capitalista impõe uma série de res- trições e ajustes ao sistema que limitam a consolidação de práticas de rupturas com a lógica mercantil. O fato é que este governo se consoli- dou com forte tendência “desenvolvimentista e, portanto, de natureza modernizante”. (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2011, p. 625). Por isso, segundo os autores, [...] no plano estrutural, não há mudanças no plano societário entre o governo Fernando Henrique Cardoso e [o governo] Luís Inácio Lula da Silva. Isso reflete, tendencialmente, em ajustar a educação e o ensino profissional técnico de nível médio às recomendações dos organismos internacionais [...] cuja lógica se sustenta na modernização que tem como marca histórica a expansão do capital. (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2011, p. 625). Mas em relação à década de 1990, “o diferencial de hoje situa-se na ênfase ao desenvolvimento e na maior abrangência e organicidade das políticas de alívio à pobreza; também, pela opção de programas de atendimento a demandas reprimidas no campo educacional” (Idem, p. 633). Que pode ser comprovado no segundo ano do governo Lula (2004), quando é exarado o Decreto nº 5.154/04, que revoga o de nº 2.208/97 e restabelece a possibilidade da organização curricular inte- grada da educação geral com a educação profissional durante o ensino médio 6 . Esse processo, marcado por disputas de concepções, propõe a articulação entre trabalho, ciência e cultura 7 , e estes devem constituir os fundamentos sobre os quais os conhecimentos escolares sejam assegura- 6 O que significa que a formação básica e profissional acontece numa mesma instituição de ensino, num mesmo curso, com currículo e matrículas únicas (RAMOS, 2011, p. 775). 7 Neste sentido, trabalho, ciência e cultura assumem uma relação com o conhecimento esco- lar e o trabalho passa a ser concebido como um princípio educativo, não como mera técnica mecânica, mas que “o ser humano é produtor de sua realidade e, por isto, se apropria dela e pode transformá-la. [...] O trabalho é a primeira mediação entre o homem e a realidade material e social” (RAMOS, 2008, p. 4).

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