História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
205 Dênis Wagner Machado tação acerca dos dilemas sociais e educacionais. O sergipano apresen- tava-se assim como um visionário, senão, para muitos, um verdadeiro revolucionário. À época, suas facetas como escritor, educador e homem público se misturavam. Para ele, liberdade, conhecimento, fraternidade e justiça eram mais que palavras, eram perspectivas. Contudo, na con- juntura da República Velha não houve articulação dos setores e esferas para que uma revolução pela educação ocorresse. Após uma longa análise das fontes e a busca por responder a pergunta que moveu a dissertação – partindo de seu primeiro discurso e ensaio sobre a interpretação da nação, como Manoel Bomfim com- preendia a sociedade brasileira e os males da educação de seu tempo? – percebemos que Manoel Bomfim possuía uma visão otimista para o futuro, mesmo frente às mazelas que assolavam o país e o Rio de Janeiro no princípio do século XX. Neste período, a solução que Bomfim en- controu para sanar tais adversidades veio na forma de oportunização de escolaridade para o povo. Fazendo emergir das fontes o pensamento político-pedagógico de Manoel Bomfim, constatamos que o conjunto de concepções que o inspiraram havia sido, na grande maioria, formuladas no estrangeiro, em tempos históricos antecedentes e concomitantes ao seu. Ao longo da dissertação, procurou-se demonstrar que, a rigor, qualquer produção do pensador é uma tentativa de relação dos fatos e conhecimentos de seu tempo. Igualmente, ao longo do trabalho, fomos identificando que as ideias do sergipano nos domínios da educação estavam orientadas para a instrução do povo, radicalmente voltadas para a construção de uma pedagogia nacionalmente crítica. No território da política, Bomfim se posicionou francamente contrário a vários dirigentes de seu tempo, ain- da que ocupasse um bom cargo público e tivesse alta respeitabilidade pela função que exercia. O discurso e o livro analisados não possuem sistematizados um projeto de educação, ou mesmo, um projeto de nação. O que há neles, sem dúvida, é a exposição de muitas opiniões, propostas, críticas e su- gestões. Contudo, estas não estão organizadas, como se quisesse o sergi- pano discriminar um contrato social brasileiro, por exemplo. A propó- sito, em comum, Bomfim e Rousseau, em mais ou menos medida, viam nas discrepâncias econômicas a origem dos conflitos e paradoxos sociais. Interessante lembrar que a dissertação de Mestrado começou a ser escrita em 2012, ano em que o falecimento de Manoel Bomfim completava seu octogésimo aniversário. Em paralelo, homenageava-se mundialmente o
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