História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

204 A história de um pesquisador em formação, seu lócus de investigação e seus estudos... analfabetismo; cuidados para com a infância; trabalho intelectual; arte, beleza e estética, valor de esforços; igualdade social; a responsabilidade do professorado para com os educandos e a nação; e não menos impor- tante, a República como melhor dos governos, apesar das limitações de seus governantes. A mudança do século XIX para o XX trouxe consigo a mudan- ça de mentalidade sobre um amplo espectro de assuntos, entre estes a alfabetização para redenção intelectual. Empenho de vários republica- nos, entre esses o próprio Manoel Bomfim, um proeminente radical pela educação e pela República, indignado assumido com os rumos da política local e nacional, que no amanhecer do vigésimo século ousou perceber que algo estava errado tanto na República recém-proclamada quanto na forma de educar as novas gerações. A busca pela verificação do posicionamento republicano de Bomfim nos fez olhar para o presente contemporâneo com outros olhos, na leitura de indicativos sociais, na participação eleitoral, a busca coletânea por uma nação desenvolvida, menos corrupta, mais cidadã. Esse exercício de contemporização nos levou a verificar a importância que a democracia, e decorrente dela, a liberdade com responsabilida- de, assumia para Bomfim, em si, a prática e a validade de um regime democrático. Mais que um olhar retrospectivo, Manoel Bomfim empreendeu uma revisão introspectiva do nosso passado, fazendo evidenciar-se que esse não deveria nos definir, mas empoderar para o fazer no presente. O cenário em que o sergipano exprimiu suas concepções é chave para a compreensão desse posicionamento, pois ele convergiu várias teorias e ideias em voga para construir uma teoria muito própria, que iria defini- -lo para a posteridade. [...] A época era marcada por grande ebulição ideológica em que conviviam ideias liberais, positivistas, socialistas, anar- quistas. Houve rápido avanço dos valores burgueses, a exem- plo da febre do enriquecimento. Sob o discurso liberal e as mudanças eleitorais republicanas, restringiu-se a participação política e introduziu-se a distinção nítida entre a sociedade política e a civil, ao se incluir na própria Constituição a di- ferença entre cidadãos ativos e inativos ou simples, em que somente os primeiros eram cidadãos plenos, com direitos civis e políticos. (CIAVATTA, 2009, p. 164). No princípio do século XX, inspirado em leituras tradicionais e modernas, Manoel Bomfim expressou o pragmatismo de sua interpre-

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