História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

202 A história de um pesquisador em formação, seu lócus de investigação e seus estudos... [...] trata-se de uma dialética histórica expressa no materialis- mo histórico, que é justamente a concepção que procura com- preender e explicar o todo desse processo, abrangendo desde a forma como são produzidas as relações sociais e suas condições de existência até a inserção da educação nesse processo [...]. (SAVIANI, 2008, p. 141). Por meio da metodologia histórico-crítica esperava-se com- preender a educação no contexto da sociedade humana, como a mes- ma estava organizada e como ela mesma contribuiu para a sua própria transformação. Pois, como nos elucida Danilo Romeu Streck ao discor- rer sobre Saviani e sua metodologia de leitura histórica, “[...] os textos não são a-históricos e para compreender a mensagem é necessário voltar à realidade que serviu de fundo para a elaboração [...]”. (STRECK, 2005, p. 87). ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MALES DE ORIGEM DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Alguns aspectos estiveram presentes tanto no discurso como no livro de Manoel Bomfim, entre eles, o mais flagrante foi a crítica aos re- gentes da nação, refletida na marcante e vexaminosa histórica ausência de prioridade do Estado com a educação da população. Para salientar essa fala, em minha dissertação, no capítulo referente ao discurso, re- corremos a um resgate histórico, desde os jesuítas, passando pela fase pombalina, a chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro, o Brasil imperial e as reformas republicanas. No capítulo referente ao livro, para não nos repetirmos, embora ainda tenhamos feito alguns resgates, optamos por deixar a própria fonte revelar onde estariam se dando tais falhas da União para com o setor educacional. Um ponto presente tanto no discurso quanto no livro, ainda que tenha merecido mais atenção no primeiro, é a série de críticas que Manoel Bomfim fez aos adeptos do positivismo. Em O Progresso pela Instrucção , a condenação está mais concentrada aos engenheiros de leis orientadas à coação ao trabalho e ao ensino para o trabalho. Recor- rendo diretamente ao sergipano, este nos revelou não haver um plano de inserção do trabalhador nos meios que careciam dele; do contrário, ausentavam-se os projetos que pretendessem livrar os trabalhadores da alienação do modo de produção, ficando estes cativos a um novo sis- tema de exploração e à mercê dos planos positivistas. No discurso, o

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