História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

200 A história de um pesquisador em formação, seu lócus de investigação e seus estudos... ções, resultaria em reflexões e conclusões acerca das situações históricas de dependência, modos de produção e apropriação de valor, ocorridas tanto no Brasil quanto na América Latina. Essa leitura associacionista entre ideias e intelectuais pontua o que podemos chamar, de forma simplista, mas não reducionista, de pensamento de esquerda ou de opo- sição. Compartilhando pontos de vista bem demarcados, ao longo da vida e de suas obras, Bomfim fez referências abertas a vários pensado- res germânicos, bem como ideólogos do socialismo e do anarquismo. Segundo Süssekind e Ventura, esse é um predicado que marca Manoel Bomfim como intelectual da contraposição à dominação, fosse ela no âmbito da política, das ideias ou da educação. Ao montar o Estado do Conhecimento, percebi que os livros, discursos e artigos de Manoel Bomfim já haviam sido utilizados como fontes para nada menos que duas centenas de estudos e ainda ofere- cia possibilidades de investigações, tendo em vista a riqueza ideológica que neles estavam contidos, possibilitando análises distintas, através de diferentes perspectivas ao longo do tempo. Na época do Mestrado, jus- tifiquei a inserção da minha pesquisa no campo da História da Educa- ção, em especial no âmbito das Políticas Educacionais, ao posicioná-la no bojo crescente de estudos acerca da área temática. Investigações de múltiplas procedências estavam surgindo e paralelamente ampliando o entendimento sobre o papel da educação, o caráter dos materiais didá- ticos, o papel atribuído à escola no Brasil e a perspectiva dos intelectuais em relação à função do Estado na educação. Como objetivo geral, estipulei como pretensão analisar o con- teúdo vinculado nos escritos e dizeres de Manoel Bomfim a fim de se entender sua visão e proposta de educação para as escolas existentes no Brasil durante o período da Primeira República. À época, instalava-se gradualmente a expansão das políticas públicas, mas nascer com direitos básicos não significava usufruir deles automaticamente. Eis que residia na escola à possibilidade da transformação social que Manoel Bomfim almejava, pois através dela e seus alunos, suas famílias e a sociedade por consequência seriam também abrangidos. Como objetivos específicos, almejava dar conta de um quin- teto de fatores que cogitava ter influenciado as ideias, as opiniões e as ações de Manoel Bomfim ao longo de sua vida e suas atividades como educador e pensador da educação, entre elas: verificar distintamente o conteúdo das obras de Manoel Bomfim selecionadas para o estu- do em questão e apurar os possíveis elementos conectivos entre elas;

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