História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

195 Dênis Wagner Machado Durante o primeiro semestre de 2012, desvinculei-me da em- presa que estava trabalhando paralelamente em turnos contrários para me dedicar exclusivamente ao Mestrado. A pesquisa que pretendia de- senvolver necessitava de tempo, dedicação, mas também distanciamen- to. Isso porque seria muito fácil cair na armadilha de louvar meu objeto de estudo a ponto de cegar-me em pontos nevrálgicos da análise, po- dendo resultar daí uma crítica viciada, alienada, ou pior, de pouca ou nenhuma contribuição para o conhecimento. O Mestrado transcorreu em rápidos dois anos. Havia aulas, ha- via trabalhos, muitos debates, seminários e análises, tanto sobre teorias quanto sobre métodos e perspectivas políticas. No meio disso, desen- volvi minha pesquisa, isto é, foi necessário levantar o Estado do Co- nhecimento, localizar minhas fontes, ler, escrever e reescrever meu an- teprojeto de pesquisa, passar pela banca avaliadora, para então, escrever minha dissertação de Mestrado. Ademais, me inscrevi e participei de pelo menos uma dezena de eventos científicos da área, além de escrever trabalhos autorais para os mesmos. MEU LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO Manoel José do Bomfim nasceu em Aracaju, Sergipe, no dia oito de agosto de 1868. Quando pré-adolescente, conviveu com a rea- lidade da escravidão devido aos negócios da família, mais tarde, em 1886, ingressou na Faculdade de Medicina de Salvador (Bahia), transfe- riu-se dois anos depois para a capital do país, Rio de Janeiro, onde con- tinuou com seus estudos. O sergipano viu e viveu o fim do Brasil Im- pério, acompanhou os momentos que antecederam a assinatura da Lei Áurea e conheceu, na efervescência cultural carioca, ilustres brasileiros como Machado de Assis, José do Patrocínio e Olavo Bilac. Formou-se em medicina em 1890 e casou-se com Natividade Aurora de Oliveira, com quem teve dois filhos. Sua vida social na capital inevitavelmente aproximava-o de fervorosas polêmicas políticas. Questionador, criticava duramente o recente governo republicano. Após a morte do pai e da filha primogênita, em 1894, gradualmente foi abandonando a carreira de médico e gradativamente se aproximou da Psicologia, área do conhe- cimento que mais tarde o levou ao campo da Educação. Entre 1897 e

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