História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

187 A HISTÓRIA DE UM PESQUISADOR EM FORMAÇÃO, SEU LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO E SEUS ESTUDOS SOBRE OS MALES DE ORIGEM DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Dênis Wagner Machado 1 Não se nasce mulher, torna-se mulher. (Simone de Beauvoir) A frase acima pertence à expoente do movimento feminista, Si- mone de Beauvoir. Conforme a blogueira Bia Cardoso, a francesa deci- diu escrever o livro O Segundo Sexo depois de perceber que jamais havia se indagado sobre o que significava ser mulher. Nascida em um tempo em que o papel feminino clássico significava ser mãe e esposa – senão residente em um convento, Simone rompeu paradigmas e vivenciou uma vida bastante diferente daquela que lhe havia sido imaginada. Agora tentarei fazer uma analogia do título deste estudo com a frase de Beauvoir: Não se nasce pesquisador, torna-se pesquisador, sobretudo, no Brasil. Esta corruptela me veio em 2015, imediatamente após ler uma reportagem sobre o uso da frase da francesa no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do mesmo ano. Na época, fazia pouco mais de quinze meses que eu havia acabado meu mestrado em História e Políticas Educacionais e me preparava para encarar uma se- leção de doutorado. Ser pesquisador no Brasil é uma tarefa hercúlea: requer dedi- cação, ponderação, responsabilidade e, acima dessas virtudes, a neces- sidade de superar críticas que não costumeiramente desacreditam seus esforços, críticas que muitas vezes desencorajam. Ser pesquisador do Brasil é fazer parte de uma resistência, é dizer não a uma cultura co- 1 Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS (2014), Graduado em História – licenciatura plena – pela mesma universidade (2010). Professor de História, Sociologia e Filosofia na Escola Estadual de Ensino Médio Décio Martins Costa, em Picada Café/RS, desde 2017.

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