História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
179 Graziela Rinaldi da Rosa e Venine Oliveira dos Santos sim iniciar uma caminhada junto com essas mulheres de reflexão e va- lorização do que pensam, sabem e fazem. CONSIDERAÇÕES FINAIS: PARA SEGUIR AQUILOMBANDO! Aquilombar é ainda um ato de resistência. Uma maneira de manter viva suas histórias de vidas e memórias de seus ancestrais. Com esse trabalho, acompanhamos os movimentos de mulheres que ao se aquilombar-se voltam às suas origens e aprendem umas com as outras sobre a história dos povos quilombolas, e suas próprias histórias. As jovens possuem uma postura denunciante dos preconceitos que sofrem, e são firmes e críticas frente as desigualdades sociais e da realidade do quilombo. As anciãs, possuem saberes da história do povo negro, espe- cialmente do Município de São Lourenço do Sul. Elas são cautelosas em denunciar, mas contam a história dos negros e das negras na região, como ninguém mais sabe contar. Aquelas que são líderes e tem expe- riência no Movimento de Consciência Negra são sábias e denunciam o descaso, a exploração, e a miséria que encontramos até nossos dias, quando falamos da população negra. As jovens quilombolas vão à Uni- versidade, mas sabem que a Universidade não é o único lugar detentor de saber. Gostam de aprender, mas não abrem mão de valorizar suas raízes e de se aquilombar-se. Aprendem na Universidade a valorizar ain- da mais suas histórias, as memórias de seu povo, seus fazeres e saberes. Aqui apresentamos apenas uma parte do material desenvolvido ao longo do projeto de pesquisa. Buscamos contribuir para a elabora- ção de um referencial teórico-metodológico que possa contribuir com outros trabalhos que se propõem a valorizar as mulheres que vivem nos quilombos, bem como incentivar outras pesquisas realizadas na pers- pectiva da educação popular, proporcionando a sistematização teórica de práticas sobre as mulheres quilombolas, como possibilidade para a implementação de políticas públicas no ramo. Afinal, são as mulheres que mais sofrem as desigualdades de gênero e as desigualdades sociais. São elas que não tem para onde levar seus filhos e filhas, quando dese- jam estudar e/ou profissionalizar-se. Elas ainda desenvolvem trabalhos nas lavouras e ganham menos que os homens, além de não ter seu tra- balho artesanal e/ou doméstico reconhecido e valorizado.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz