História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

178 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos melhor, mas ta muito melhor do que tava, conseguimos ter uma geladeira, televisão, ter uma casa melhor, a gente ganhou essa casa do projeto da Caixa Econômica Federal e foi ajei- tando nossa vida... acho que foi isso aí.” (Lurdes Quevedo, Torrão). As mulheres dos quilombos se sentem valorizadas quando as pessoas visitam as comunidades, sejam de comunidades vizinhas, es- tudantes universitários/as, pesquisadores/as, professores/as. Também a maioria das mulheres com quem conversamos possuem clareza da im- portância de seus territórios, e o valor cultural que possuem, juntas se fortalecem como coletivo, e lideranças comunitárias. Estão ciente das apropriações que podem e que acontecem tanto de seus saberes, quanto de recursos de projetos que são de políticas públicas para os quilombos. “Como tava dizendo antes, quando a gente entrou pro qui- lombo a vida dos quilombola melhoraram, dos negros né. Me- lhorou muito, a gente ficou até mais atento, pra aprender a conversar com as pessoas que vinham de fora, veio gente de muito longe conversar com nós. Fizemos acampamento aqui com gente de Bagé, vieram, acamparam aqui três dias, fomos conversando, explicavam as coisas pra nós, como eram os qui- lombos, como funcionava, a gente foi indo.” (Leoni Ribeiro Ferreira, Serrinha). Contudo, cabe aqui lembrar que, “mas faz sentido pensar em organizar as comunidades, não apenas em todo de sua negritude, mas principalmente em torno de objetivos políticos” (DAVIS, 2009, p. 120). Ainda há muito o que fazer no âmbito político das comunidades, e nesse sentido Angela Davis (2009, p. 120) nos ensina que, [...] na verdade, a luta política nunca foi tanto uma questão de como ela é identificada ou escolher ser identificada, mas sim, o fato de que o modo como se pensa sobre raça, gênero, classe ou sexualidade afeta a forma pela qual as relações humanas são construídas no mundo. Desta maneira, as mulheres foram convidadas a problematizar essas questões no coletivo, e (re)pensar sobre o que significa ser uma mulher ou uma jovem quilombola? Mesmo que muitas não sabiam res- ponder, não foi nossa intenção obter respostas e catalogar dados, mas

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