História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

175 Graziela Rinaldi da Rosa e Venine Oliveira dos Santos partir dos depoimentos das mulheres, onde se possa remontar a Histó- ria de seus ancestrais. As falas das mulheres apontam várias questões como trabalho, oportunidades de emprego e atividades como o artesanato. A maioria dessas mulheres trabalha no campo, como domésticas ou agricultoras. O racismo é um assunto bastante tocado, no que se trata das oportu- nidades de emprego, principalmente nas colônias de ocupação alemã. Na comunidade do Quilombo Coxilha Negra as mulheres quilombolas denunciam o racismo e preconceitos que sofrem, e apontaram suas de- mandas. O maior problema é o acesso ao trabalho, e, portanto, a renda por parte das mulheres. “É difícil. O racismo é muito grande, aqui no meio da colônia, o racismo pro quilombo é muito grande. Ainda há muito na comunidade, no meio da colônia... ter um quilombo no meio da comunidade é muito difícil. É difícil pro emprego, pra co- municação. É difícil.” (Giane Ferreira, Coxilha Negra). As mulheres relatam aspectos de sua cultura, e as bonecas de milho são exemplos disso: “Eu quero contar pra vocês o que a mãe era capaz de fazer como empreendedora pra não deixar seus filhos passar fome, e além de tudo inventar um brinquedo. Quero contar o que minha mãe fazia. Ela plantava um milho, quando o milho tava verde que as vezes faltava alimento, ela pegava cortava o milho verde com a faca, derretia toicinho, bem miudinho e quebrava um ovo ali e fazia mexido como um bolo pra gente se alimentar. E da palha de milho, tinha uma irmã pequena de 5 anos, como não existia boneca, ela tirava com jeitinho o milho verde, depois ela fechava a espiga de milho, coloca- va uma tirinha, atava como os bracinho... porque não existia boneca aquela época, puxava a palhinha pra baixo como se fosse uma perninha, o cabelinho dentro da espiga em cima, fazia uma bonequinha pra minha irmã. Do próprio alimento que ela fazia, ela fazia o brinquedinho. E meu irmãozinho também queria uma boneca, dai ela aproveitava da espiga de milho, secava… espiga não – o sabugo, também atava e fazia bonequinha pras crianças brincarem e se divertirem.” (Zilda Irribaren, Coxilha Negra).

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