História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
174 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos de por “revolução documental”, e incumbem a crítica do monumento/ documento 12 . Recolhe-se dados da memória coletiva e transformado em documento pela história tradicional. Ainda, aponta Le Goff: A memória não é a história, mas um dos seus objetos e si- multaneamente um nível elementar de elaboração histórica. Se ele pretende que o recurso à história oral, às autobiografias, à história subjetiva amplie a base do trabalho científico, e ve- nha a modificar a imagem do passado, dando a palavra aos esquecidos da história, tem inteiramente razão e sublinha um dos grandes progressos da produção histórica contemporânea. (LE GOFF, 1990, p. 26). Essa nova interpretação dos documentos, está inserida num contexto de uma sociedade e academia tecnológica, por isso é de grande importância pensar as ações transformadoras as quais serão submetidos, a fim de se apresentarem de forma simples e acessível. Segundo Silva (2002), no universo digital, preservação e acesso complementam-se. O conceito de preservação no universo digital assume significados dife- rentes, dentre eles a possibilidade de uso, a proteção do item original e mecanismos para manter os objetos digitais e no ambiente arquivístico, aspectos como conteúdo, fixidez, referência, proveniência e contexto devem ser considerados para pensar a integridade dos arquivos, bem como a forma de pensar o ambiente digital, em seus formatos e es- truturas, sejam de hardware e software , de forma que estejam atuais e acessíveis. Acreditamos que, estar trabalhando para a salvaguarda e pre- servação da cultura imaterial e também produzindo materiais visuais e audiovisuais dos quilombos de São Lourenço do Sul é uma forma que possibilita integrar parte da história do município, contribuindo para reconhecimento da diversidade étnica da região e efetivando o perten- cimento e as vias de acesso para os quilombolas. Optamos pelas narrativas de vida para valorizarmos a diver- sidade dos povos locais, onde a História tradicional dedicou-se a ter maior simpatia a história do colonizador, submetendo negros e indíge- nas ao apagamento. Como explicou Heleieth Saffioti (2015, p. 75) “a desigualdade, longe de ser natural, é posta pela tradição cultural, pelas estruturas de poder, pelos agentes envolvidos na trama das relações so- ciais”. Nas narrativas aparecem relatos dessas desigualdades. O material é rico no tocante às possibilidades de pesquisas na categoria Memória a 12 Os monumentos são a herança do passado, e os documentos, escolha do historiador. In: LE GOFF, 1990, p. 283.
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