História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
172 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos ral, nos possibilitou ouvir as vozes das mulheres, quase nunca escutadas, bem como conhecer suas histórias de vidas, seus sonhos e demandas. Perante material recolhido, as entrevistas são de grande riqueza e potên- cia na construção da pesquisa científica, e foi ao longo das transcrições, enquanto o projeto seguia seus desdobramentos, que fomos buscando as melhores estratégias de sistematização de dados. Em história, tudo começa com o gesto de separar, de reunir, de transformar em “documentos” certos objetos distribuídos de outra maneira. Esta nova distribuição cultural é o primeiro trabalho. Na realidade, ela consiste em produzir tais docu- mentos, pelo simples fato de recopiar, transcrever ou fotogra- far estes objetos mudando ao mesmo tempo o seu lugar e o seu estatuto. Este gesto consiste em “isolar” um corpo, como se faz em física, e em “desfigurar” as coisas para constituí-las como peças que preencham lacunas de um conjunto, propos- to a priori”. (CERTEAU, 1982 p. 80). As entrevistas transcritas são submetidas a criação de catego- rias de análise, que compreendem as seguintes categorias de análise e pergunta central: O que é ser mulher/ ser menina quilombola? Educação, Trabalho, Memória, Questão étnico-raciais, Desafios, Sonhos, O que pensa sobre o projeto; Artesanato, Renda, Preconceito, Violência, e por fim, De- marcação das terras. Essas categorias são importantes, pois registram as informações pontuais e facilitam a localização das temáticas em as aná- lises interpretativas, possibilitando a associação com o contexto social mais amplo. Esse material dá forma a um acervo que salvaguarda a memória da formação dos quilombos, dá visibilidade a essas mulheres que se encontram em diferentes comunidades da zona rural nas proximidades das áreas de plantio de pomeranos. A fim de organizá-las, os arquivos foram submetidos ao processo de transcrição e nas narrativas foram inseridas categorias de análise que mostram a potencialidade das falas e depoimentos de vida para pesquisa, bem como, para a análise crítica do que se tem como História de São Lourenço do Sul, evidenciando a participação das negras e negros em sua formação e sua importância na agricultura. A sistematização e categorização das entrevistas partem do pro- cesso de transformar um “áudio de uma entrevista” em uma “fonte” para outras análises, transformando em material para pesquisa e difu- são do conhecimento da história dos Quilombos de São Lourenço do Sul. Utilizando de um sistema simples de organização, foi criado um
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