História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
171 Graziela Rinaldi da Rosa e Venine Oliveira dos Santos Dentre os relatos de mulheres que integram o projeto, está um pouco de seu cotidiano, sonhos, desafios e dificuldades. Os relatos são, às vezes, tímidos, outrora denunciam e são reivindicativos. Todos trans- mitem um pouco da vivência de cada uma das mulheres negras quilom- bolas entrevistadas, e também de meninas e mulheres que ali vivem, e que não participaram da pesquisa. Foram entrevistadas as mulheres de cinco quilombos de São Lourenço do Sul, sendo eles Coxilha Negra, Serrinha, Rincão, Monjolo e Torrão. Além desses cinco, foi entrevistada uma liderança do Movimento de Consciência Negra local, que está na luta pelo reconhecimento do Quilombo das Nascentes. As narrativas de vida das mulheres quilombolas foram gravadas e filmadas durante as rodas de diálogos, inspiradas nos “círculos de cul- turas” 10 , e Josso (2004) nos provocou com sua concepção de “pesquisa formação”. Os encontros da pesquisa ação-participante, foram baseados em práticas e leituras de teóricos/pesquisadores como Brandão, Streck (2006), Brandão (2008). Sendo assim, o desenvolvimento dos encon- tros foram inspirados na Educação Popular, em obras de Freire (1981; 2000; 2002; 2006), e Gadotti (1992), e na Educação Popular de cunho Feminista e decolonial 11 . Buscou-se instigar as mulheres sobre como se percebem como quilombolas: O que é ser mulher quilombola, o que é ser menina qui- lombola. Se sofrem preconceitos, como é o cotidiano da mulher qui- lombola, quais desafios as mulheres quilombolas enfrentam. O que é ser uma mulher quilombola negra, o que significa viver no quilombo e ser jovem negra quilombola. Quais são os desafios que as mulheres quilombolas enfrentam no quilombo. Qual os sonhos para o quilom- bo e para si própria. Como são as condições de vida das mulheres no quilombo. São cerca de 30 entrevistadas e muitas histórias. A ancestrali- dade está presente em sua essência, o vocabulário simples e informal, remonta os sonhos dessas mulheres, as quais estiveram (e ainda não deixaram de estar) a margem da educação institucionalizada. Sutile- zas, realidade que não se vê – se finge não ver – não se fala. Pesquisar a temática “Povos Tradicionais e memórias dos quilombos” através de narrativas de vida envolvendo as comunidades quilombolas, estudantes do Campus da FURG, São Lourenço do Sul/RS e comunidade em ge- 10 Para saber mais sobre os “círculos de cultura”, ler: Carlos Rodrigues Brandão (2008). Ver referências. 11 Ver Lugones (2008 e 2014) e Nadeau (1996).
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