História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

168 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos Foram entrevistadas, mediante termo de cessão das narrativas, mulheres dos quilombos Coxilha Negra, Rincão das Almas, Torrão, Monjolo e Picada no município de São Lourenço do Sul. Todos esses quilombos passaram pelo processo de reconhecimento e possuem asso- ciações. As mulheres são a maioria na presidência das mesmas. Devido a significativa contribuição do Movimento de Consciência Negra na região, realizamos entrevista com uma liderança do movimento, e que está representando o sexto quilombo, que está em processo de reconhe- cimento, o quilombo das Nascentes/Boqueirão. Como o projeto ainda não está finalizado, seguimos estudando sobre a história dos quilombos, bem como, o número atual de famílias, de mulheres e de meninas que vivem nessas comunidades. A história dos antepassados está presente na memória dessas das mulheres dos Quilombos, algumas contam que as avós e bisavós vieram da África e também da própria formação dos quilombos de São Lourenço do Sul. Uma das entrevistadas, explica que a criação dos quilombos se deu a partir da fuga coletiva de treze escravos. “A vó era uma guerreira, batalhadora, era benzedeira, curan- deira, parteira, e ela lutou muito, passou muita fome, muita miséria. Muito trabalho. Embora tenha nascido livre, mas ainda tinha... nasceu livre pela fuga, porque a abolição nem tinha acontecido ainda, ela morreu bem velha com 104 anos e já fazem 30. Ela nasceu livre pela fuga da avó dela, e ela conviveu com as três comunidades quilombolas que hoje são as mais... não vou dizer forte porque todas são fortes e guerrei- ras, trabalhadoras, são mulheres de luta... e a vó, ela contava muitas vezes das mulheres que eram violentadas. Nesse trajeto delas lá fora... eram violentadas pelos senhores. E isso não é 200 anos atrás, isso é agora a pouco né. [...] De ela já ter des- cido de Santa Tereza, as três comunidades que ela circulava. Santa Tereza que é a Picada, Faxinal que é o Quilombo do Torrão e a aqui em Campos Quevedos que é o Monjolo hoje. Aquelas três comunidades ali ela circulava, eles moravam ali, e quando tinha trabalho morava numa fazenda, noutra... num campo... noutro” (Vera Macedo, 2019) . A fuga era a forma mais comum e mais característica da resis- tência. Os negros e as negras aquilombavam-se nos matos da região,

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