História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

167 Graziela Rinaldi da Rosa e Venine Oliveira dos Santos FUGIR E AQUILOMBAR-SE: HISTÓRIAS DE UM POVO Indo de encontro as estratégias de resistência ao sistema colonial nasceram os quilombos, os quais estiveram presentes por todo território nacional. Esses aquilombamentos, originários de fugas de escravos/as, produziram histórias complexas de criação agrária, criação de territórios e cultura material e imaterial a partir dos encontros desses povos, de- senraizados de sua terra de origem. Essas fugas podiam ser individuais ou coletivas e eram uma estratégia militar, e ainda que alguns senhores alegassem que tratavam bem seus escravos/as, os quilombos nunca dei- xaram de atraí-los. Criando roças e vivendo no entorno delas, modo de vida autônomo e alternativo. No Rio Grande do Sul, em São Lourenço do Sul - cidade co- nhecida pela tradição alemã/pomerana, temos comunidades negras re- manescentes dos quilombos. No livro Mocambos e Quilombos: Uma his- tória do Campesinato Negro no Brasil, Flávio dos Santos Gomes (2015) nos conta que no Brasil, nas décadas de colonização foram conhecidos como mocambos e depois quilombos – termo da África Central para designar acampamentos improvisados. Os mocambos transformam-se em Quilombos. Os Quilombos passaram por um processo de invisibilidade e de reconhecimento recente de sua existência. Acredita-se que no Brasil tenham cerca de 3.000 comunidades Quilombolas, segundo a Secreta- ria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re- pública, distribuídos por todo território nacional, estando em biomas diversos (DUTRA, 2011). É frente esse processo de silenciamento que a constituição do saber busca salvaguardar e preservar, através da Histó- ria Oral, a vivência desses grupos, confrontando a História Tradicional que violentamente insiste em uma única história, “não reconhecendo existência de múltiplas histórias, memórias e identidades em uma socie- dade”. (ALBERTI, 2008 p. 158). As mulheres compõem essa história, como líderes, guerreiras, educadoras populares e detentoras dos saberes ancestrais. Ao longo das entrevistas, podemos apontar que, esse material faz parte de apenas uma pequena parcela do projeto e são ações que visam documentar as memórias que acompanham as narrativas. Aponta Alberti (2008) que, quando a entrevistada narra, transforma vivência em linguagem, sele- cionando e organizando os acontecimentos e imprimindo sentido.

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