História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
166 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos frutas e doces. As mulheres dos quilombos fazem artesanatos e algu- mas sonham e comercializar, aumentar a circulação de seus produtos artesanais tanto fora das comunidades, quanto abrindo as portas para visitação. A partir do projeto aqui apresentado, a comunidade escolar e Universitária começou a visitar alguns quilombos, que até então não recebiam visitações, como é o caso do Quilombo Coxilha Negra. Nessa região, não só o campo não desapareceu, como temos uma significativa presença de mulheres e meninas nas comunidades, (re)existindo todos os dias, frente a ausência de políticas públicas e carência de serviços públicos, e muitas, sem acesso direitos básicos, como educação, sanea- mento básico, habitação e trabalho. Nas escolas e Universidades, meninas e mulheres aprendem que pouco se sabe sobre elas, e sobre a existência dos quilombos, e nesses espaços, frente as violências que sofrem e ao silenciamento de suas cul- turas, (re)aprendem sua própria história. É nesse sentido, que come- çamos a perceber o trabalho em torno da memória dos remanescentes quilombolas, que estava sendo executado em cada interação promovida pelo projeto, conforme produzia-se áudios e vídeos, além de fotografias. É na interação com as narrativas, que evidenciamos a poten- cialidade do trabalho executado na construção de fontes a partir da História Oral de Mulheres moradoras dos Quilombos da região. Para pensar essa questão, Verena Alberti (2008, p. 168) em “Histórias dentro da História”, nos diz: Observe-se que estudar a constituição de memórias não é o mesmo que construir memórias. Muitos dos que trabalham com História oral acham-se imbuídos da missão de promover a construção de memórias. Nesses casos, a entrevista de Histó- ria oral não é tomada como fonte a ser analisada pelo pesqui- sador, mas como parte de um processo de “conscientização” e de construção de identidade. Para contribuir no conhecermos de quem são e como vivem as mulheres dos quilombos de São Lourenço do Sul, iremos apresentar primeiramente os cinco quilombos pesquisados e o que entendemos por quilombos. Também apresentaremos alguns aspectos metodológi- cos da pesquisa e algumas narrativas das mulheres pesquisadas.
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