História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
165 Graziela Rinaldi da Rosa e Venine Oliveira dos Santos po/FURG, a fim de contribuir para a auto-organização das mulheres que vivem nos quilombos, pois enquanto elas costuravam as bonecas negras, também falavam sobre si e suas vivências nos quilombos, e dia- logavam sobre direitos e deveres das mulheres dos quilombos, e formas de acessar, em rodas de diálogos que abordaram temas como, economia solidária, afro-empreendedorismo 7 e economia feminista 8 . Temos também como aportes teóricos Lagarde y de Los Rios (2005); Perrot (2017) e Saffioti (1989) que contribuem para refletirmos sobre história das mulheres, e estudos feministas, que visam valorizar os saberes e os fazeres das mulheres, além de problematizar as relações de gênero, o machismo, o sistema patriarcal e as violências do campo. Rosane Rubert (2005 e 2016) e Georgina Helena Lima Nunes (2016) nos auxiliam para conhecermos as comunidades locais do Sul do Rio Grande do Sul. O patriarcado estabelece: [...] um sistema de heranças ligados a uma genealogia por via varonil. As mulheres, sendo-lhes atribuído um papel essencial- mente circunscrito à casa, foram marginalizadas em relação às instituições de poder político, de transmissão de conhecimen- to e de formação profissional. (MACEDO; AMARAL, 2005, p. 145). Michelle Perrot (2017, p. 114), ao escrever sobre as mudanças na vida dos campos e das mulheres, que “o campo desaparece à medi- da que se transforma”. Falar sobre as mulheres dos quilombos de São Lourenço do Sul é falar das mulheres que permanecem no campo, e os transformam com seus saberes e trabalho. É falar de mulheres e jovens que vão para Universidade e nelas transformam saberes, temas e meto- dologias de ensino e pesquisa. Sabe-se que, mesmo com as transformações no campo, incluin- do o êxodo rural, as meninas e mulheres permanecem no campo, e são quem menos sai para trabalhar fora da comunidade. Faz tempo que aprenderam a semear, plantar e cuidar dos afazeres domésticos e das plantas, agora sonham em estudar, ter escolas para deixar seus filhos e conseguir trabalhos onde valorizadas. Algumas sonham em comercia- lizar seus produtos, como flores, ervas e gêneros alimentícios, legumes, 7 Para saber mais, sugiro ler o relato que consta no artigo “Direitos das Mulheres do campo: avanços e retrocessos”, onde uma das oficineiras do projeto, a advogada negra Evelin Ferrei- ra (2019) nos conta um pouco como aconteceram as rodas de diálogos sobre esses temas, e o que as mulheres dos quilombos denunciavam. 8 Sobre “Economia Feminista”, ler Faria e Nobre (2002).
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