História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

164 Histórias, memórias e narrativas de vidas de mulheres dos quilombos significativa de mulheres de povos tradicionais no curso de Licenciatura em Educação do Campo é que esse trabalho iniciou. Como exemplo de mulheres de povos tradicionais que chegam na Universidade Federal do Rio Grande, campus de São Lourenço do Sul/RS, integram o cam- pus mulheres dos quilombos, mulheres da cadeia produtiva da pesca, mulheres pomeranas, agricultoras familiares, benzedeiras, indígenas, mulheres de povos de terreiros, pecuaristas, ciganas, ribeirinhas. Muitas chegam às Universidades e nelas aprendem antes de qualquer conteúdo o quanto são importantes para esse curso, enquanto mulheres de povos tradicionais. Aprendem e ensinam sobre si mesmas e seus antepassados na formação crítica, com base na Educação Popular. Iremos apresentar parte dos resultados da pesquisa desenvolvi- da em cinco quilombos do Município de São Lourenço do Sul, com Mulheres Quilombolas que ali vivem 3 . As entrevistas foram realizadas entre os anos de 2017-2019, desenvolvidas em diálogos com os mo- vimentos de mulheres do campo, mulheres do Movimento de Cons- ciência Negra, e com as epistemologias da educação do campo 4 e do feminismo latino-americano 5 . Nesse sentido busca-se realizar novas metodologias e “novas lei- turas possíveis” (KOROL, 2007, 2007a). Educadoras feministas têm trabalhado saberes acadêmicos com saberes populares, no viés da Edu- cação Popular, em forma de rodas de diálogos e confecção de artesanatos com grupos de mulheres, como Eggert (2009); Silva e Eggert (2009); Negretto e Silva (2015), e Godinho e Silva (2015, 2016, 2016a, 2017 e 2017a). também ousamos confeccionar artesanato como metodologia de pesquisa. Agora foram as bonecas negras que confeccionamos nos encontros. Essas bonecas foram confeccionadas pelas mãos de uma estu- dante quilombola 6 , do Curso de Licenciatura em Educação do Cam- 3 A pesquisadora responsável por esse projeto foi a primeira autora deste trabalho e teve apoio da FAPERGS/CNPq. 4 Para saber mais sobre o que temos feito no curso de Licenciatura em Educação do Cam- po, em diálogos com esses povos, ler “Vozes do Campo: ressignificando saberes e fazeres” (2015); “Vozes do Campo: lutas, saberes e resistências” (2017) e Rosa (2019). 5 Sobre Feminismo na América Latina, ler 50 Anos de Feminismo. Argentina, Brasil e Chi- le (BLAY; AVELAR, 2017) e Quem tem medo do Feminismo Negro? , de Djamila Ribeiro (2018). 6 Adriana da Silva Ferreira, é artesã quilombola e faz oficinas de bonecas negras a partir do momento que começa a estudar numa Universidade e trabalhar numa perspectiva feminista e da Educação Popular. Desde 2015 tem realizado oficinas não apenas nos quilombos, mas em escolas, universidades, eventos científicos.

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