História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas
157 Liane Vizzotto O alinhamento das três dimensões – política, pedagógica e legal – oferece campo propício às parcerias. Políticas educacionais que valo- rizam padrões colocam todos os seus beneficiários na mesma condição, no mesmo ponto de partida, cuja expectativa resulta no mesmo ponto de chegada. No entanto, a realidade demonstra que no Brasil muitos se per- dem no caminho e que outros concluem a escolarização obrigatória com diferenças substanciais na sua formação educacional. Propostas de natureza privada na educação pública, uniformizadas, pautadas na eficiência (na visão de fazer mais com menos), nas evidências avaliati- vas, etc., desrespeitam a realidade e o desenvolvimento dos indivíduos e, certamente, contribuem para solidificar ou aprofundar as diferenças abismais no campo da educação e da condição de classe. A partir desta tese, nossa contribuição para o campo da educa- ção não se fez somente a partir de críticas, mas na defesa da educação pública alinhada, antes de tudo, às necessidades dos indivíduos que têm apenas na escola pública e gratuita a possibilidade de acesso à educação de qualidade. Não aquela qualidade cujo conceito é construído sobre as bases do pensamento neoliberal, mas na concepção educativa que encontra na filosofia da práxis uma visão criadora, crítica e assentada na formação humana, visto que, fora da ação coletiva e da consciência política que se eleva pela atividade da práxis, não há possibilidade de intervenção. Sabemos que lutar pela construção de outro projeto educacio- nal que não o que se consolida por meio do avanço dos interesses priva- dos representa entrar em conflito com a visão e com o discurso que vêm sendo incorporados pela sociedade brasileira – o de que o fracasso da escola pública deve ser solucionado com propostas daquilo que se apre- senta como o mais desenvolvido, o privado. Assim, a continuidade de estudos que problematizem a consolidação da relação público-privada não é apenas relevante como também necessária. Considerando as análises construídas a partir da pesquisa, nos parece adequado finalizar citando Ordine (2016, p. 11), quando diz que “o direito de ter direitos [...] – se tornou, de fato, subordinado ao domínio do mercado, com o risco progressivo de se cancelar qualquer forma de respeito às pessoas”.
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