História e políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

151 Liane Vizzotto de. Dessa necessidade, buscamos refletir sobre o conceito de qualidade sob duas perspectivas, a qualidade dos parceiros e a qualidade quando colocada na perspectiva da práxis. Da primeira resulta novo discurso, um tipo específico de ideologia que perpassa entendimentos de que o externo, o produto ofertado por outrem, é melhor do que aquele pensado pela própria rede de ensino; o segundo se vislumbra como possibilidade de emancipação humana e de pensar a educação local de maneira livre e criativa. Das análises, resultaram conclusões, as quais listamos as principais: a) Constitui-se contradição compreender que indicadores ava- liativos (como o IDEB) sejam considerados pressupostos de qualidade educacional, pois a qualidade não pode ser conceituada apenas por um único indicador. Embora o índice se apresente como um importante diagnóstico, dar a ele um significado tão amplo é ignorar a possibili- dade de outro conceito de qualidade. Contudo, o IDEB como pres- suposto de qualidade serviu para justificar a contratação e prorrogação dos contratos de prestação de serviços dos parceiros nos municípios pesquisados. b) O conceito estreito de qualidade se opõe à qualidade mais ampla na perspectiva da formação humana, o que limita o pensar na perspectiva da práxis, logo, possibilita a expansão de propostas de agen- tes externos. c) A categoria da práxis se constitui num contraponto ao con- ceito de qualidade sob o prisma da avaliação estreita, a fim de superar as visões comuns e os pontos de vista espontâneos. A filosofia da práxis nos ajuda a compreender que mudanças históricas comportam instrumen- tos de dominação diferenciados, mas os conflitos de classe permane- cem. O foco continua a ser o controle e o domínio de uma determinada classe sobre a outra. Considerando essa condição que se apresenta real no momento histórico, apontamos a práxis como proposição de uma educação mais ampla, que ultrapasse o senso comum e a visão de mun- do única imposta pelas reformas, especialmente as apresentadas pelos parceiros. d) O discurso sedutor dos parceiros acaba facilitando a relação público-privada, mesmo que ideologicamente o discurso hegemônico acabe, por mais uma via, regulando a educação. e) O espaço ocupado pelo professor, no que tange à construção da relação público-privada, se mostrou significativo nos municípios pes-

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